É incrível como a expectativa que criamos (ou não) em relação a qualquer coisa é algo capaz de nos pregar peças de vez em quando. Afinal, depois de um desenvolvimento tão turbulento, quem poderia esperar alguma coisa do Sleeping Dogs?

Só para lembrar os acontecimentos, ele já nasceu mal, sendo uma continuação para a horrível série True Crimes e que deveria ser desenvolvido pela Luxoflux. Porém, o estúdio acabou fechando e a criação passou para a United Front Games, até que a Activision, alegando baixa qualidade, decidiu cancelar a produção. Acontece que naquela altura do campeonato o True Crimes: Hong Kong já estava quase pronto e enxergado potencial ali, a Square Enix adquiriu os direito para publicá-lo, apenas mudando seu nome e investindo num polimento.

Ou seja, tínhamos um jogo cuja franquia não despertava a atenção de ninguém, que mudou de desenvolvedora, de editora e até mesmo de nome, logo, estava pronta a receita para um enorme fracasso, certo? Pois quem pensava assim (eu incluso) não poderia estar mais errado.

Desde que os primeiros trailers começaram a ser divulgados o Sleeping Dogs passou a parecer bastante promissor, com um jogabilidade ágil, cenários bonitos e uma enorme cidade para ser explorada. Confesso que ainda assim eu tinha um certo receio em acreditar demais em algo tão grandioso vindo de um estúdio que só havia lançado o ModNation Racers, mas então veio o lançamento da demo e caramba, parecia que os caras haviam mesmo acertado.

Agora, com mais de 14 horas dedicada à aventura, acho que já posso dizer que o título merece figurar entre os melhores do ano e o motivo principal para pensar assim está na enorme atenção aos detalhes que a United Front Games. Tudo em Sleeping Dogs parece ter sido pensado com extremo cuidado, da construção da cidade até os minigames, com um destaque especial à jogabilidade.


Pilotar um carro ou moto no jogo é algo extremamente prazeroso, assim como participar de tiroteios, mas é quando o protagonista Wei Shen entre em uma luta que o trabalho da desenvolvedora realmente brilha. Embora conte com um sistema relativamente simples, enfrentar outros personagens é algo que requer atenção e agilidade do jogador, ainda mais quando estamos cercados por 6, 7 inimigos.

Uma amostra do quanto atenta às lutas a equipe de produção estava pode ser vista no sistema de evolução do personagem, que aos poucos vai aprendendo novos golpes ou simplesmente no fato de que na maioria das missões não temos uma arma de fogo à nossa disposição e por mais incrível que isso possa parecer, elas não fazem a menor falta.

Outro ponto onde o game brilha é no seu enredo, que começa um tanto raso e batido, nos colocando no papel de um policial disfarçado, mas que com o passar do tempo se mostra muito interessante, contando com uma fantástica reviravolta em determinado momento e abordando de maneira interessante o estrago psicológico causado a Wei por ter de realizar tarefas complicadas para a máfia chinesa.

Por falar em tarefas, Sleeping Dogs nos apresenta missões tão variadas que praticamente não vemos o tempo passar enquanto estamos no seu mundo virtual e se num momento precisamos desmontar algum esquema criminoso, no outro somos o responsável por proporcionar uma terrível vingança à uma sofrida mãe. Portanto, o jogo sempre tem algo para nos ocupar e como não nos empolgarmos durante as cinematográficas perseguições a pé ou com o exótico universo da Tríade?

E para terminar, uma curiosidade: caso você não tenha entendido o nome do game, ele vem do provérbio “let sleeping dogs lie,” algo como “não cutuque a onça com vara curta” ou “não procure sarna para se coçar“. Pois quer saber? Começo a achar que era isso mesmo que a polícia de Hong Kong deveria ter feito.

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Pai em tempo integral do pequeno Nicolas, enquanto se divide escrevendo para o Meio Bit Games e Vida de Gamer, tenta encontrar um tempinho para aproveitar algumas das suas paixões, os filmes, os quadrinhos, o futebol e os videogames. Acredita que um dia conseguirá jogar todos os games da sua coleção.