Todos nós conhecemos livros ou filmes que trazem personagens que, devido a maneira como são construídos, passamos a considerá-los como se fossem nossos amigos, nos preocupando com o que acontecerá com eles e sentindo sua falta quando a história termina. Mas você sabia que os videogames também possuem essa característica?

Recentemente tive a oportunidade de encarar um jogo chamado The Last of Us, título exclusivo para o PlayStation 3, e conforme a trama se desenrolava, uma coisa ficou clara para mim, os jogos eletrônicos chegaram a um estágio em que contar uma boa história é plenamente possível e com tamanha imersão que não fica devendo nada a outras mídias.

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Falando brevemente sobre o que se trata, neste jogo acompanhamos Joel e Ellie numa jornada cheia de dificuldades para que a garota seja entregue a um grupo que se encontra a muitos quilômetros de distância. O que torna tudo mais complicado é o fato de que o planeta foi devastado por uma pandemia que transformou as pessoas em algo parecido com zumbis, então a dupla terá que enfrentar, além dos infectados, muitos seres humanos dispostos a fazer qualquer coisa para sobreviverem.

No início a relação deles é bastante complicada, muito devido a diferença de idade, mas também devido ao comportamento arredio da adolescente e a visão dura que o homem de meia idade tem do mundo, algo um tanto compreensível devido a tudo o que passou após enfrentar 20 anos desde que a sociedade como conhecemos ruiu. Porém, conforme eles vão se conhecendo e passando por provações, é fácil notarmos a maneira fraternal com que Joel passa a tratar Ellie, nascendo ali uma das mais bonitas amizades já vistas num jogo.

É verdade que a história do jogo, claramente inspirada no livro A Estrada de Cormac McCarthy – e que posteriormente foi muito bem adaptado para o cinema por John Hillcoat – não é muito original, nem que esta é a primeira vez que vemos personagens tão realistas num videogame e títulos como o BioShock, Heavy Rain e Red Dead Redemption são bons exemplos disso, mas com seu enredo bem escrito e animações capazes de expressar toda a caga dramática vivida pelas “pessoas” que vemos ali, The Last of Us brilha até por nos fazer repensar alguns valores.

Como uma boa obra de arte, The Last of Us tem ainda a virtude de tocar as pessoas de diferentes maneiras e é como sempre digo, há jogos que são capazes de me fazer sentir orgulho de ser um apaixonado por videogames e este certamente é um deles.

Este é mais um artigo que escrevi para o jornal O Campolarguense e que foi publicado na edição de agosto de 2013.

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Pai em tempo integral do pequeno Nicolas, enquanto se divide escrevendo para o Meio Bit Games e Vida de Gamer, tenta encontrar um tempinho para aproveitar algumas das suas paixões, os filmes, os quadrinhos, o futebol e os videogames. Acredita que um dia conseguirá jogar todos os games da sua coleção.