Final Fight

Quando era criança, assim como a maioria dos moleques da minha idade, o que eu queria mesmo era ter o mundo sob os meus pés. Ora meu desejo era o de estar marcando um gol numa final de campeonato, com a torcida gritando meu nome num Maracanã lotado, ora eu tinha vontade de me tornar um astronauta e poder ver tudo lá de cima, mas quando a ambição diminuía de tamanho, eu já me daria por satisfeito em ter em casa um daqueles maravilhosos fliperamas que via nos botecos.

O que eu não imaginava naquela época é que um dia eu poderia ter a minhas disposição muitos daqueles jogos em um pequeno disco, tendo que gastar apenas uma ínfima quantia em dinheiro e se aquelas fabulosas caixas de madeira com televisores que ofereciam mundos maravilhosos ainda permanecem no sonho de muita gente, graças a coletâneas lançadas pelas produtoras, aqueles jogos pelos menos se tornaram acessíveis.

Para mim, colocar no Playstation 2 os discos do primeiro e do segundo volume do Capcom Classics Collection é muito mais do que apenas matar a vontade de jogar algo antigo. A sensação que tenho é a de estar entrando num DeLorean e me transportando para a Nova Iguaçu da metade da década de 90, quando minhas preocupações se resumiam a passar de ano na escola e aprender os golpes do Street Fighter II. Quando juntava minhas moedas com a de amigos que infelizmente nem estão mais neste mundo e saíamos escondidos só para jogar mais uma partida e o multiplayer era disputado frente a frente ao adversário, sem essas facilidades propostas pela internet.

Ghouls 'n GhostsEu nunca tive muita habilidade com esportes e o privilégio de torna-se o primeiro brasileiro a ver a Terra do espaço acabou fiando com outra pessoa, mas na era de ouro dos arcades, quer dizer, dos fliperamas, chegar um pouquinho mais longe no Ghouls ‘n Ghosts, passar de fase no Final Fight ou terminar o Captain Commando já era motivo para muitos de nós celebrarmos como se tivéssemos pisando em outro mundo ou ganhado uma medalha de ouro.

E acho que é por tudo isso que eu admiro a iniciativa de empresas como a Capcom de resgatar alguns desses clássicos, não por simplesmente manter viva a história dos jogo eletrônicos, que por sinal deve muito aos fliperamas, mas principalmente por, através dessas coleções, não me deixar esquecer de momentos e pessoas que foram muito importantes para a minha vida.

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Pai em tempo integral do pequeno Nicolas, enquanto se divide escrevendo para o Meio Bit Games e Vida de Gamer, tenta encontrar um tempinho para aproveitar algumas das suas paixões, os filmes, os quadrinhos, o futebol e os videogames. Acredita que um dia conseguirá jogar todos os games da sua coleção.