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Na virada da década de 80 para a de 90, eu vivia pedindo um novo videogame ao meu pai. Na época o Master System e o Nintendinho eram os mais comuns no Brasil e como eu só tinha um Atari, não via a hora de ganhar um console mais poderoso.

Os meses passaram, transformaram-se em anos e nada de ganhar o presente. O único contato que tinha com aqueles aparelhos muito mais avançados era na casa de primos ou amigos e meu pai tentava controlar minha ansiedade com a promessa de que logo eu receberia algo muito melhor.

[one_half] [testimonial company=”Compositor” author=”Yuzo Koshiro” image=”http://www.vidadegamer.com.br/wp-content/uploads/2014/03/YuzoKoshiro.jpg”] Quando o Streets of Rage estava em desenvolvimento, por volta de 1990, a cena das boates estava gradualmente se espalhando pelo Japão para o house e o techno, e eu estava ouvindo essas músicas atentamente, então comecei a pensar sobre levar o som deste gênero, com o qual eu não tinha conexão, para os games e ser o primeiro a fazer isso.[/testimonial] [/one_half]

Então, num belo dia ele apareceu em casa com uma caixa enorme e eu logo soube, “estava lá o meu tão desejado Master System/NES” e qual foi minha surpresa ao descobrir que não, o que ele tinha trazido era um incrível, um fantástico, um poderosíssimo Mega Drive!

Junto com o console eu ganhei dois jogos, o Super Hang-On, que já me conquistou pela imagem da moto na capa e um tal de Bare Knuckle. Sim, quem conhece a franquia sabe que este é o nome japonês do Streets of Rage e como o meu videogame havia sido fabricado na Terra do Sol Nascente, os jogos também teriam que ser de lá.

Curioso para saber do que se tratava aquele jogo, tratei de colocá-lo no console e sem ter muita noção naquela ocasião – fosse pela inexperiência ou pela pura empolgação – foi apresentado a uma das mais marcantes (pelo menos para mim) aberturas da história dos games, muito devido a brilhante música composta por Yuzo Koshiro.

Lançado em 1991, o Streets of Rage era uma clara tentativa da Sega de brigar com a Capcom, que dois anos antes havia lançado o Final Fight e estava ganhando uma legião de fãs com os jogos do gênero beat ‘em up, sendo que uma versão exclusiva acabara de chegar no Super Nintendo.

No que pode ser considerado uma jogada arriscada, a Sega parece ter visto no game uma excelente oportunidade de alavancar as vendas do seu principal console e por isso o SoR não apareceu nos arcades, onde esse tipo de jogo era tão comum e hoje podemos dizer que eles tomaram a decisão acertada, afinal o título – e a série como um todo – acabou se tornando um dos ícones do Mega Drive.

Apesar de não primar pelo enredo e contar com personagens menores que os vistos em outros jogos de “briga de rua”, o que alguns consideravam um defeito, o Streets of Rage tinha uma jogabilidade muito bem balanceada e uma das melhores trilhas sonoras já criadas para um game, o que no conjunto da obra justificam sua fama.

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Passados tantos anos, eu não saberia precisar quantas vezes terminei aquele Bare Knuckle, mas sei que foram muitas e que por um bom tempo eu conhecia boa parte dos segredos daquela aventura que me garantiu muita diversão, sozinho ou acompanhado de amigos.

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A coluna Relembrando nasceu lá no Meio Bit e a intenção com ela era falar sobre jogos antigos que eu adoro. Agora ela será publicada aqui, todas as semanas, mas a intenção é dar uma visão mais intimista sobre os games, contando situações pessoais que me fazem lembrar desses clássicos e que por vezes poderão ter a total veracidade dos relatos comprometidos pela minha memória.

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Pai em tempo integral do pequeno Nicolas, enquanto se divide escrevendo para o Meio Bit Games e Vida de Gamer, tenta encontrar um tempinho para aproveitar algumas das suas paixões, os filmes, os quadrinhos, o futebol e os videogames. Acredita que um dia conseguirá jogar todos os games da sua coleção.