Em 2080 a Terra se tornou um planeta (ainda mais) estranho. Ao mesmo tempo em que a civilização teve que aprender a se reorganizar, com as cidades localizadas em regiões mais baixas tendo sido devastadas pelas inundações causadas pelo aquecimento global, os robôs enfim se tornaram algo comum, servindo em muitos casos como uma ótima e barata mão de obra.

Durante muito tempo as pessoas conviveram pacificamente com essas máquinas, que ajudavam nos trabalhos domésticos, faziam a vez da polícia e aceleraram a construção das novas metrópoles, agora montadas sobre as ruínas das antigas moradias. Porém, como nós nunca soubemos viver pacificamente, aquele cenário próspero estava prestes a mudar.

Tudo começou em 2040, quando 150 países assinaram um tratado onde se comprometiam a seguir a cláusula 21, que proibia qualquer um de criar máquinas que pudessem ser confundidas com seres humanos e 40 anos depois, aconteceu o que todos sempre temeram, um robô idêntico a um humano atacou a sede da Bergen, empresa americana que dominava 95% do mercado global de robôs. Estava comprovada a existência dos chamados Hollow Children.

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Desconfiando que o atentado tivesse ligação com a outra grande empresa da área, a Amada Corporation, uma equipe de soldados de elite foi enviada ao Japão para prender seu fundador e é aí que nós entramos, assumindo o papel de um dos membros dessa força tarefa, Dan “The Survivor” Marshall.

Se essa trama te interessou, saiba que esta é apenas uma parte do que a torna tão interessante, pois em Binary Domain, jogo idealizado por Toshihiro Nagoshi, o mesmo criador do elogiado Yakuza, o enredo é sem dúvida um dos grandes destaques.

Contando com uma certa semelhança com outras histórias consagradas, como o filme Blade Runner, de Ridley Scott, a trama começa a se tornar extremamente intrigante quando descobrimos que os robôs possuem convicção de estarem vivos, portanto, não há como sabermos quem é uma máquina ou quem realmente é formado por carne e osso. Para piorar, existe uma reviravolta brilhante em determinado momento, deixando o destino da humanidade em uma situação ainda mais delicada.

O game serve também para mostrar que excelentes histórias podem ser contadas através da mídia e a lamentar, apenas a tentativa de tornar o protagonista mais simpático ao mostrá-lo como um sujeito canastrão e que sempre tem uma piada para fazer, o que parece ser uma muleta utilizada por alguns roteiristas para tentar fazer com que gostemos dos personagens, como se tal comportamento fosse comum em situações de risco.

Mesmo assim, Binary Domain consegue brilhar e divertir em toda sua campanha. Alguns poderão dizer que sua jogabilidade no estilo atirar-e-se-proteger, muito semelhante com a vista na série gears of War, é um tanto cansativa e extremamente linear, mas em todo momento o jogo tenta quebrar esse ritmo oferecendo trechos com mecânicas diferentes.

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Talvez eu tenho sido o único a achar isso, mas uma das cosias que mais gostei no título foi a sensação de estar jogando um antigo (e bom) arcade e um dos motivos para pensar desta maneira são as constante e memoráveis batalhas contra chefes imensos, sempre exigindo táticas variadas e uma boa quantidade de paciência.

No fundo, a experiência que tive com o Binary Domain pode não ter sido uma das mais marcantes desta geração, mas seu enredo certamente está entre os melhores que já experimentei e por isso acho que ele merecia ser conhecido por mais gente, se não como um jogo, ao menos como um filme ou livro, onde acho que também poderia se sair muito bem.

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Pai em tempo integral do pequeno Nicolas, enquanto se divide escrevendo para o Meio Bit Games e Vida de Gamer, tenta encontrar um tempinho para aproveitar algumas das suas paixões, os filmes, os quadrinhos, o futebol e os videogames. Acredita que um dia conseguirá jogar todos os games da sua coleção.