O mundo acabou. A civilização como a conhecíamos chegou ao fim junto com a energia elétrica do planeta, que se foi após uma tempestade geomagnética de proporções cataclísmica. Aos poucos sobreviventes só resta tentar aguentar mais um dia, ou então sucumbir perante a força da natureza.

Se tal descrição lhe parece um bom tema para um jogo, então o The Long Dark é o que estava esperando. Funcionando como um bom e profundo simulador de sobrevivência, a criação da Hinterland Studio ainda se encontra em Early Access (jogos que são vendidos antecipadamente), mas mesmo assim é possível perceber o seu enorme potencial e encontrar bastante diversão com o título.

Quando a sua versão final for lançada, a promessa é de que o jogo conte com um modo história, onde assumiremos o papel do piloto Will Mackenzie logo após seu avião cair, mas por enquanto só podemos testar nossa habilidade em sobreviver o maior tempo possível.

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Jogados num ponto do mapa aleatoriamente sempre que iniciamos uma nova partida, teremos que vasculhar a região do norte do Canadá em busca de itens como remédios, equipamentos, água, abrigo e principalmente comida, mas há um problema seríssimo a ser enfrentado: as condições extremamente adversas do local.

Com temperaturas que podem passar facilmente de -20 °C, cada passo que dermos terá que ser muito bem pensado, já que todas as ações consomem calorias e ficar exposto por um período muito longo pode resultar em hipotermia. O desespero por achar um local aquecido é tanto que ao entrarmos numa cabana é quase possível sentir o calor que ela nos proporcionará.

The Long Dark brilha por funcionar quase como um jogo de estratégia em primeira pessoa, deixando claro que não existem escolhas certas a serem realizadas e nos punindo mesmo quando parecemos estar progredindo. A todo momento temos que tomar duras decisões, já que seria melhor gastar muitas calorias para conseguir um pouco de lenha e se precaver contra o frio? Ou seria preferível dormir para diminuir a fadiga e correr o risco de morrer de fome? No fim, parece que estamos apenas adiando o inevitável, que é nossa própria morte.

Pois é justamente essa mecânica que cativa, além da grande atenção dada aos detalhes. Por exemplo, você pode derreter neve para fazer água, mas se tomá-la sem ferver, estará correndo o risco de ficar doente. O mesmo vale para carne que tirarmos do corpo de um cervo e se você pensou em acender uma fogueira para se aquecer, saiba que ela não poderá ser feita em um local com vento muito forte.

De fato, The Long Dark passa uma sensação incrível de estarmos lutando por nossas vidas, oferecendo uma jogabilidade que fica longe do frenesi típico dos jogos em primeira pessoa e onde andar algumas poucas centenas de metros pode levar vários minutos, afinal você não vai querer arriscar sua resistência apenas para economizar tempo.

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Um ponto negativo é que apesar do mapa ser relativo extenso, cedo o tarde o conheceremos por inteiro e por isso acho que seria legal se o cenário fosse gerado aleatoriamente, fazendo assim com que a vida útil do game se tornasse praticamente infinita.

Na parte visual o jogo também encanta, com gráficos que parecem o de um desenho animado e principalmente, por sua direção artística muito bonita. A sensação de desolação passada pelos cenários é fantástica, mas espero que eles possam melhorar os corpos de outras pessoas que encontramos vez ou outra, já que eles destoam um pouco o resto.

Porém, um ponto em que o The Long Dark precisa melhorar muito é na sua interface. Navegar pelos menus é um tarefa árdua e se os itens tivessem uma representação visual, seria muito mais rápido e fácil identificá-los.

Por se tratar de um produto inacabado, esses pequenos problemas poderão ser facilmente corrigidos, assim como mais conteúdo adicionado e por isso acho que o jogo possui um imenso potencial, conseguindo divertir mesmo no estado atual. The Long Dark é sem dúvida um belo trabalho do pessoal da Hinterland Studio e que poderá se tornar muito melhor com o tempo.

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Pai em tempo integral do pequeno Nicolas, enquanto se divide escrevendo para o Meio Bit Games e Vida de Gamer, tenta encontrar um tempinho para aproveitar algumas das suas paixões, os filmes, os quadrinhos, o futebol e os videogames. Acredita que um dia conseguirá jogar todos os games da sua coleção.