♫ Ground Control to Major Tom ♪

O que você faria para ter de volta a pessoa que mais ama? Essa é uma pergunta que muitos já devem ter se feito, mas cuja resposta costuma ser difícil de ser dada, ainda mais porque ela pode ser moralmente questionável.

Pois é justamente em torno deste dilema que gira o enredo do The Way, um jogo idealizado pelo pessoal da Puzzling Dream e que chamou minha atenção não só por sua temática e abordagem de ficção científica, mas devido aos próprios criadores afirmarem que tiveram como inspiração alguns dos jogos que mais adoro, o Another World, Heart of Darkness e Flashback.

Nele acompanharemos a saga do Major Tom, o membro de uma equipe de exploradores espaciais que após perder a esposa e não aceitar a situação decide voltar a um planeta que havia visitado anteriormente na esperança de poder trazê-la de volta à vida. O grande problema nessa tarefa é que Tom estará sozinho, tendo que enfrentar inúmeras ameaças enquanto tenta desvendar os mistérios da própria existência e até mesmo fazendo algumas amizades inusitadas durante o percurso.

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Porém, os maiores desafios encontrados pelo protagonista — e consequentemente pelos jogadores — aparecerão na forma de quebra-cabeças espalhados pelos cenários e pode ter certeza de uma coisa, alguns deles te deixarão com a cabeça bem quente. O problema é que muitos deles não apresentação dicas visuais do que deve ser feito, então será preciso muita paciência e raciocínio lógico para solucioná-los.

Além disso, The Way também nos oferecerá alguns momentos onde a habilidade do jogador será posta à prova, principalmente na parte final e depois de passarmos tanto tempo apenas pensando, a precisão exigida nesses trechos poderá ser um tanto frustrante, mas nada que tire o brilho do jogo e que não possa ser vencido após alguns tentativas.

the-way-finTambém agrada a tentativa do estúdio de oferecer mecânicas variadas de tempos em tempos, principalmente ao nos entregar algumas tecnologias que serão cruciais na solução de alguns desafios, mas também em certas partes onde a jogabilidade muda profundamente e que felizmente são muito bem executadas.

Vale mencionar que pelo menos dois desses trechos servem como homenagens a outros jogos clássicos, incluindo aí alguns adventures da LucasArts, cujas aparições por sinal estão totalmente dentro do contexto, e os mais atentos ainda notarão reverências a outros exponentes da cultura POP.

O título também brilha na parte técnica, com as belíssimas músicas compostas por Panu Talus preenchendo muito bem os momentos de tensão ou de descobertas, enquanto os lindos gráficos criados por Paul Matysik encantam há todo momento.

A parte visual de The Way sem dúvida merece destaque, com os cenários coloridos sendo o grande destaque e talvez o único ponto negativo seja a movimentação do personagem, pois como a animação não usou a técnica de rotoscopia, ela não parece tão natural quanto o que vimos nas suas fontes de inspiração. Por outro lado, isso permitiu uma jogabilidade menos presa, o que deve ser elogiado.

Contudo, mesmo com tantas qualidades e uma execução tão bem feita, o maior mérito de The Way é nos fazer lembrar de obras tão fantástica quanto um Another World ou um Flashback, mas conseguindo ter sua própria identidade e abordando um tema tão delicado e interessante.

Após cerca de 8 horas de jogo, um tempo muito bom se considerarmos o estilo, o título ainda me ofereceu dois finais e principalmente, me deixou pensando nas decisões que tomamos, nos objetivos que buscamos para nossas vidas e na atenção que damos (ou não) para quem certamente nos faria muita falta caso não estivessem presente.

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Pai em tempo integral do pequeno Nicolas, enquanto se divide escrevendo para o Meio Bit Games e Vida de Gamer, tenta encontrar um tempinho para aproveitar algumas das suas paixões, os filmes, os quadrinhos, o futebol e os videogames. Acredita que um dia conseguirá jogar todos os games da sua coleção.