Há algum tempo os jogadores e os desenvolvedores vem discutindo sobre o que é mais importante para se ter um bom game, a história ou a jogabilidade, mas felizmente, vez ou outra alguma produção consegue unir as duas coisas e um desses casos é o Brothers: A Tale of Two Sons.

Lançado apenas digitalmente e tendo sido desenvolvido pela Starbreeze Studios, empresa sueca mais conhecida pelos seus jogos de tiro em primeira pessoa, o título não foi muito comentado pelos jogadores, que provavelmente imaginaram se tratar de apenas mais um entre tantos lançamentos, mas por tudo o que ele me proporcionou, posso dizer seguramente que se trata de uma das experiências mais marcantes que um jogo eletrônico já me proporcionou, a começar pelo seu enredo.

Sem que uma palavra seja dita em uma língua reconhecível durante toda a aventura, nela acompanharemos dois irmãos que precisam ir em busca de um remédio para seu moribundo pai e durante todo o caminho nos depararemos com seres fantásticos, cenários de tirar o fôlego e uma série de desafios e quebra-cabeças que nos imporão alguma dificuldade.

Embora se trate de uma premissa um tanto simples e já bastante explorada na ficção, é a maneira como a história se desenrola que a torna tão emocionante e se somada a relação de amizade entre os dois personagens, a narrativa logo prende o jogador, fazendo com que queiramos saber o que irá acontecer na sequência.

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Contudo, o grande mérito do pessoal da Starbreeze foi saber ter usado os irmãos para nos entregar uma mecânica de jogo inovadora e muitíssimo bem construída, com o segredo estando na utilização das duas alavancas analógicas do joystick. Isso porque controlamos os dois personagens ao mesmo tempo, com o analógico esquerdo ficando para o irmão maior, enquanto que o direito guiará o menor e o mesmo vale para os gatilhos do controle, que funcionarão como botões de ação independentes para cada um dos personagens.

Tal abordagem permitiu aos desenvolvedores implementar uma série de quebra-cabeças, que se não são muito difíceis, servem para nos apresentar uma das mecânicas mais divertidas e inventivas dos últimos anos, inclusive tendo um papel fundamental no enredo em determinado momento.

Irmãos gêmeos
Tendo claramente se inspirado no Ico, Brothers: A Tale of Two Sons possui dois personagens que precisam se ajudar, belíssimos cenários em tons pastéis, um enredo sem uma palavra escrita, uma forte carga dramática e até as vendas e o reconhecimento muito abaixo do merecido, infelizmente.
Há ainda dois aspectos dos quais o Brothers: A Tale of Two Sons parece nunca se envergonhar, que é nos fazer admirar seus magníficos cenários, inclusive nos oferecendo bancos que só servem para isso e de prestar homenagem a outro excelente jogo, o Ico. Mesmo sendo um tanto arriscado afirmar isso, eu diria que a criação da Starbreeze foi até capaz de superar a sua fonte de inspiração, com um enredo mais emocionante e uma jogabilidade mais interessante.

E sobre emoção, desde o início da aventura fica evidente que teremos uma jornada cheia de situações marcantes, mas mesmo assim eu nunca estaria preparado para a sequência final desse jogo. Não digo isso apenas pelos acontecimentos em si, mas pela forma como participamos deles e aqui está outra ideia genial do estúdio, que fugiu do lugar comum ao não se limitar a apresentar o desfecho apenas na forma de um vídeo, me fazendo derrubar lágrimas por ter participado diretamente da ação.

Pelo o que tenho visto, infelizmente o título não ganhou a atenção que deveria e muitos os estão ignorando, deixando assim de conhecer um dos games mais bonitos que já tive o prazer de encarar. Brothers: A Tale of Two Sons é um jogo sobre perdas, desafios, descobertas e principalmente, uma lição de companheirismo, até o último momento.

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Pai em tempo integral do pequeno Nicolas, enquanto se divide escrevendo para o Meio Bit Games e Vida de Gamer, tenta encontrar um tempinho para aproveitar algumas das suas paixões, os filmes, os quadrinhos, o futebol e os videogames. Acredita que um dia conseguirá jogar todos os games da sua coleção.