Duelo de Titãs

Eu gosto de dizer que o esporte onde a estratégia faz mais diferença é o futebol americano e se isso estiver realmente correto, então acredito que não existe nenhuma modalidade melhor para ser transformada num jogo de estratégia por turnos.

Deve ter sido pensando nisso que em 1987 a Games Workshop criou o Blood Bowl, um jogo de tabuleiro ambientado no universo Warhammer e que coloca dois times para se enfrentarem em algo muito parecido com o esporte da bola oval, com o detalhe de que as equipes são formadas por seres como elfos, anões, ratos humanoides, ogros, minotauros e é claro, humanos.

Então, em 2009 a Cyanide Studios lançou um jogo eletrônico inspirado na franquia e depois de testá-lo, confesso que não gostei muito da jogabilidade. Porém, o anúncio de uma continuação chamou minha atenção e até por o novo título contar com suporte a controle, resolvi dar uma nova chance aos futebol fantasioso da desenvolvedora.

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Até por adotar muito do estilo de um esporte com regras um tanto complicadas e transformar isso num jogo de estratégia, o Blood Bowl 2 pode assustar muitos brasileiros, mas felizmente o jogo conta com um modo campanha que serve como um tutorial e desde que o jogador entenda um pouco de inglês, compreender a mecânica não será muito difícil.

No entanto, isso não significa que o título seja fácil, principalmente quando se trata de partidas disputadas contra outras pessoas, mas mesmo jogando sozinho eu tive uma grande surpresa conforme avançava pela história, já que as regras são apresentadas aos poucos.

blood-bowls-bretonsO que aconteceu foi que durante os primeiros jogos a frente dos Reikland Reavers eu tive bastante espaço para cometer erros, podendo mover os jogadores com certa liberdade e passar a vez para a outra equipe apenas depois de ter feito todos os ajustes que queria. A parte de gerenciamento da equipe antes das partidas também foi bastante amigável, mas isso logo mudaria.

Depois de um certo momento o jogo passou a ser bastante punitivo, invertendo a posse de bola por diversos motivos, como por exemplo “apenas” perder uma disputa por espaço contra o atleta da equipe adversária ou por qualquer insucesso após lançar os dados.

Isso faz com que tenhamos que calcular precisamente cada passo a ser dado, que tenhamos que distribuir os jogadores de forma inteligente pelo campo e ainda assim ainda teremos que contar com um pouco de sorte para não vermos todo o planejamento sendo jogado fora e provavelmente percebermos que deixamos um baita buraco na defesa.

Talvez o grande mérito do Blood Bowl 2 esteja justamente em exigir constantemente nossa total atenção. Qualquer deslize pode significar a concessão de pontos ao adversário e quando uma folga no placar poderia sugerir que a partida estava vencida, situações como a interferência do árbitro podem fazer com que tudo mude subitamente.

Some a tudo isso o fato de que cada equipe conta com estatísticas que as difere muito das outras, com algumas sendo melhores para aqueles que preferirem avançar por terra e outras sendo recomendadas para os que gostam de fazer passes longos. Ou seja, conhecer todos os pormenores do game exigirá atenção, paciência e muita dedicação.

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Eu não posso dizer se a versão eletrônica reproduz com fidelidade aquilo que temos no tabuleiro, já que nunca joguei desta maneira, mas o que encontrei neste segundo jogo me agradou bastante, seja pela profundidade da sua jogabilidade, pelos belos gráficos e detalhada ambientação das partidas (o que abrange desde os estádios até a hilária dupla de narradores) ou por algo a que poucos títulos hoje em dia se arriscam, que é nos fazer pensar.

De forma resumida, o Blood Bowl 2 pode ser descrito como uma mistura de futebol americano com xadrez, tudo temperado pela atmosfera fantástica da franquia Warhammer e se você estiver procurando um jogo onde cada risco tenha que ser minuciosamente calculado e onde uma partida pode passar facilmente de meia hora, acho que não encontrará opção melhor que o jogo da Cyanide Studios.

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Pai em tempo integral do pequeno Nicolas, enquanto se divide escrevendo para o Meio Bit Games e Vida de Gamer, tenta encontrar um tempinho para aproveitar algumas das suas paixões, os filmes, os quadrinhos, o futebol e os videogames. Acredita que um dia conseguirá jogar todos os games da sua coleção.