A série Borderlands sempre foi conhecida pela quantidade absurda de armas, pelos personagens excêntricos e uma boa dose de humor em seu enredo. Porém, quando o segundo jogo da franquia recebeu a expansão Tiny Tina’s Assault on Dragon Keep, a Gearbox Software conseguiu ir um pouco além nessa loucura.

Com o público tendo adorado aquele DLC, nove anos após o seu lançamento chega a vez da desenvolvedora voltar a explorar o seu conceito, mas agora como um jogo independente, o Tiny Tina’s Wonderlands.

Tiny Tinas Wonderlands

Assim como acontecia na aventura anterior estrelada pela simpática Tiny Tina, neste também participaremos de uma campanha no fictício RPG de mesa Bunkers e Bambambãs. Com a personagem servindo como a dungeon master da história, ela não terá o menor receio de mudar subitamente o rumo dos acontecimentos, fazendo com que a narrativa seja um dos pontos altos do jogo.

Quanto a história, Tiny Tina’s Wonderlands começa logo após os eventos mostrados no Assault on Dragon Keep, com dois personagens (além do próprio jogador) enfrentando o maléfico Dragon Lord. A batalha começa a ficar do jeito que o vilão queria, quando a rainha Rabo de Cavalo surge carregando a lendária Sword of Souls e o aprisiona por séculos.

Mas como o jogo não poderia terminar antes mesmo de começar, Tiny Tina inicia uma nova campanha no seu RPG favorito e dessa vez caberá ao jogador — que deixou de ser um novato para ostentar o título de Chefe do Destino — a tarefa de derrubar o mal que começa novamente  a tomar as Terras Maravilindas.

Inicialmente Tiny Tina’s Wonderlands poderá parecer um típico jogo de RPG, com sua ambientação medieval, castelos e esqueletos, mas não demorará até recebermos nossa primeira arma. A partir deste momento o jogador entrará num FPS, com as armas geradas aleatoriamente — características da franquia Borderlands — surgindo por todos os cantos e fazendo a alegria daqueles que adoram a mistura de tiroteio com Diablo.

De metralhadoras capazes de congelar os inimigos até uma escopeta que pode causar dano ácido enquanto prende os alvos numa gosma, caberá ao jogador escolher o armamento que melhor se encaixa no seu estilo de jogo, além de torcer para o próximo loot seja superior àquele que já está carregando.

Obviamente, no começo teremos armas bem simples, mas conforme avançamos na aventura nos tornaremos verdadeiras máquinas de matar. Já uma bela sacada dos desenvolvedores foi nos permitir escolher como veremos os itens encontrados pelo caminho quando jogarmos com outras pessoas, com cada um tendo seu próprio espólio ou com o grupo precisando dividi-lo.

 

Com o jogo nos oferecendo diversas (e inusitadas) classes para a criação do nosso personagem, ele consegue proporcionar uma experiência que desvia consideravelmente da fórmula da série principal. Isso é interessante por trazer um ar de novidade mesmo para quem já dedicou centenas de horas aos jogos anteriores.

Também merece elogio a maneira como os ataques a curta distância se tornaram melhores. Enquanto nos Borderlands esse tipo de abordagem era recomendada apenas para alguns personagens, em Tiny Tina’s Wonderlands ela pode ser aproveitada por todos. É claro que quanto menos pontos de habilidade você der para o melee, menos dano causará, mas isso não o impedirá de causar um belo estrago ao descer o machado nos inimigos. Quando combinado com as magias de cada classe, em muitas situações o ataque a curta distância poderá ser a diferença entre vencer ou sair derrotado.

E eu já falei da maneira como a Tiny Tina guia a aventura ao seu bel-prazer? Ok, mas é que isso realmente traz situações tão hilárias quanto fascinantes. Ver o cenário mudando em tempo real é uma experiência única e muito bem implementada pela equipe de arte da Gearbox. Mesmo com esses momentos não sejam aleatórios, sempre nos fazem ficar admirados.

Mas não é apenas nestas transições de cenários que o título brilha. Com a maioria dos ambientes sendo inspirados em lugares consagrados pelo Dungeons & Dragons, podemos esperar cavernas, vilas, florestas e cemitérios. Contudo, graficamente o Tiny Tina’s Wonderlands não difere muito do que vimos no Borderlands 3, exceto pela iluminação, que está mais bonita.

Tiny Tinas Wonderlands

Outra mudança está na maneira como nos locomovemos. Se antes tínhamos veículos para explorar o mundo, agora a viagem entre as fases se dará através de uma espécie de mapa-múndi, assim como acontecia nos antigos RPGs. A diferença é que esse mapa funciona como um tabuleiro, com uma versão bobblehead do nosso personagem podendo encontrar alguns segredos e até entrar em batalhas com inimigos que surgem aleatoriamente. Tal recurso funciona muito bem, pois além de se encaixar perfeitamente na proposta do jogo, faz com que seja rápido partirmos para uma missão ou fase desejada.

A lamentar, apenas a falta de criatividade da equipe da Gearbox na elaboração das missões. Mesmo com muitas sidequests disponíveis, geralmente estaremos apenas indo até algum lugar para aniquilar os inimigos presentes, para depois ouvir alguma explicação e repetir a fórmula exaustivamente. Porém, como nos outros jogos da franquia isso já acontecia, quem está acostumado com eles não deverá achar um grande empecilho.

Resumindo, pode parecer absurdo um jogo com temática medieval onde atravessamos os cenários com um equipamento digno de dar inveja ao Rambo, mas é justamente nesta proposta tão inusitada que reside o brilhantismo da criação da Gearbox. Tiny Tina’s Wonderlands é um jogo que nunca se leva a sério e desde que o jogador consiga entrar nesta atmosfera, encontrará diversos momentos que o deixará com o sorriso no canto da boca.

Para quem gosta de criar o personagem mais poderoso possível, é muito satisfatório ver o seu Chefe do Destino evoluindo, com cada arma que aparece no cenário nos deixando curiosos em saber quais habilidades ela possui. É verdade que tal progresso acontecerá lentamente, com muitas e muitas horas sendo necessárias para alcançarmos o nível mais alto dos personagens. Porém, se você procura um jogo com muito conteúdo, capaz de proporcionar um ótimo modo cooperativo e que deverá ser tornar muito maior com o lançamento de expansões, com o Tiny Tina’s Wonderlands estará muito bem servido.

https://youtu.be/3gJgj2ngCyA

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Pai em tempo integral do pequeno Nicolas, enquanto se divide escrevendo para o Meio Bit Games e Vida de Gamer, tenta encontrar um tempinho para aproveitar algumas das suas paixões, os filmes, os quadrinhos, o futebol e os videogames. Acredita que um dia conseguirá jogar todos os games da sua coleção.