Mortal Shell

Desde que a franquia Dark Souls começou a ganhar popularidade, vimos diversos jogos tentarem reproduzir as mecânicas da obra de arte criada pela FromSoftware. No entanto, normalmente os títulos que fizeram isso buscaram as mais variadas maneiras para se diferenciar da sua fonte de inspiração, mas não foi isso o que aconteceu com o Mortal Shell.

Desenvolvido por uma equipe formada por apenas 15 pessoas, nele assumiremos o controle de um personagem sem nome e que desperta em uma terra conhecida como Fallgrim. Sem sabermos como fomos parar ali, o nosso objetivo será progredir por caminhos sombrios enquanto precisamos coletar três glândulas sagradas. O problema é que o lugar está repleto de ameaças e assim como na franquia Souls, aqui será fundamental termos paciência e muita resiliência.

Com boa parte dos inimigos podendo nos matar com apenas alguns golpes, especialmente no início, apenas sair apertando os botões de ataque não costuma dar um bom resultado e por isso morrer em Mortal Shell será uma constante. Quando isso acontecer, poderemos tentar voltar ao local do fracasso para recuperar o que havíamos acumulado até o momento, recurso que aumenta consideravelmente a tensão enquanto jogamos.

As cascas especializadas

O que torna o Mortal Shell diferente dos demais títulos do gênero é um sistema que nos permite “vestir” os corpos de guerreiros que foram derrotados anteriormente naquele mundo e que podemos encontrar durante a exploração. Porém, as armaduras não servirão apenas esteticamente, já que cada uma delas possui defeitos e qualidades.

Isso faz com que o estilo de combate possa mudar consideravelmente, com uma casca contando com maior quantidade de energia, enquanto outra nos oferecerá mais resistência (stamina), por exemplo. Mas além disso, é interessante o fato de que caso sejamos derrotados uma vez, seremos jogados para fora daquele corpo e voltaremos à nossa forma esquelética. A partir daí teremos a possibilidade de recuperar a casca, mas apenas um golpe será o suficiente para nos matar enquanto estivermos assim.

O que ameniza um pouco a dificuldade é que veremos a nossa barra de energia ser recarregada completamente após recuperarmos o corpo, porém, é preciso ficar atento ao detalhe que não teremos uma outra chance após isso, uma saída que os desenvolvedores provavelmente adotaram para não tornar a experiência fácil demais.

Pedra, papel e… aparar!

Outro aspecto em que Mortal Shell se diferencia do Dark Soul e na ausência de um botão para bloquear os ataques inimigos, quer dizer, pelo menos não com um escudo. Aqui a parte de defesa girará em torno de dois elementos: fazer com que nos tornemos pedra e aparar os golpes adversários. No caso do primeiro, ele funcionará de maneira parecida com um bloqueio, mas sem consumir nossa resistência e precisando de alguns segundos de espera para poder ser utilizado de volta. Vale citar que esta proteção pode ser ativada mesmo quando estivermos desferindo um ataque, o que nos tornará temporariamente invencíveis e aumentará a chance do golpe atingir o alvo.

Já no segundo caso, aparar também servirá para nos proteger, com a diferença de que precisa ser executado no momento correto e se for bem sucedido, podendo recuperar um pouco da nossa energia. Isso será fundamental para podermos progredir, já que o Mortal Shell não conta com algo como as Estus Flask, as famosas garrafinhas que nos permitiam recuperar a energia nos jogos da FromSoftware.

Mas além de servir para que o Mortal Shell não seja apenas uma cópia barata dos Dark Souls, juntas essas mecânicas dão uma dinamismo especial ao jogo, obrigando o jogador a estar sempre atento e a desenvolver um nível de reflexo que será fundamental para conseguir progredir.

Um confuso labirinto

Mas se o jogo brilha ao oferecer mudanças no sistema de batalha, não dá para dizer o mesmo do seu design das fases. Mesmo com os mundos contando com áreas interligados, falta inspiração na parte visual, com pouca variação nos cenários e sendo muito fácil nos perdermos pelo emaranhado de corredores. Por se tratar de um título que não conta com um mapa, é fundamental que os locais contem com pontos de referência marcantes, algo que a FromSoftware costuma fazer com maestria.

Mesmo assim, é gratificante conseguir avançar até chegar num novo ponto daquele mundo, com o jogo conseguindo entregar uma atmosfera pesada e nos ensinando desde o início que a morte estará sempre à espreita. Dos inimigos assustadores até o medo que está sempre no ar, impressiona pensar que um título com tantos acertos conseguiu ser feito por um número tão pequeno de pessoas.

Sendo portanto mais uma boa adição à crescente lista de jogos conhecidos como souls-like, essa criação da Cold Symmetry parece nunca se envergonhar de imitar o seu mestre, seja no estilo visual, na maneira como o seu enredo é pouco claro ou mesmo na sua jogabilidade. Isso pode ser visto tanto como um ponto positivo quanto como um negativo, mas se você gosta do estilo, precisa dar uma chance a ele, pois o Mortal Shell é um ótimo jogo e que conta com suas próprias qualidades.

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Pai em tempo integral do pequeno Nicolas, enquanto se divide escrevendo para o Meio Bit Games e Vida de Gamer, tenta encontrar um tempinho para aproveitar algumas das suas paixões, os filmes, os quadrinhos, o futebol e os videogames. Acredita que um dia conseguirá jogar todos os games da sua coleção.