Gynoug

O Mega Drive foi um videogame fantástico, com uma biblioteca tão grande que ainda hoje sou surpreendido por ótimos jogos com os quais não tive contato na época de seus lançamentos. Foi assim quando experimentei o excelente Gleylancer e voltou a acontecer com outro shoot ‘em up para aquele console, o Gynoug (ou Wings of Wor, nos Estados Unidos).

Também trazido aos aparelhos mais modernos pela Ratalaika Games, o jogo conta com uma série de recursos que poderão fazer com que a experiência seja tão tranquila quanto um passeio no parque, ou árdua como se estivéssemos jogando o original.

Entre os recursos disponibilizados nesta versão temos, por exemplo, a possibilidade de jogar com vidas infinitas ou não perder os upgrades após sermos derrotados. Outro facilitador será poder retroceder alguns segundos para corrigir erros cometidos, o que no caso de um jogo onde os reflexos são tão exigidos, tornará o progresso muito menos estressante.

Eu sei que para os mais puristas estes tipos de “trapaças” não são muito bem-vindos, mas é preciso levar em consideração que não somos obrigados a recorrer a eles, inclusive com alguns podendo ser desligados no menu.

Mas de todas as melhorias adicionadas ao Gynoug, talvez aquela que será mais comemorada é o filtro que imita uma tela CRT. Contando com um sistema de customização bastante amplo, ele poderá deixar a experiência muita próxima de estarmos jogando numa TV de tubo e mesmo preferindo encarar esses jogos antigos sem este tipo de efeito, não consigo deixar de elogiar o trabalho feito pelo estúdio.

Em relação a sua jogabilidade, Gynoug funciona como um típico shoot ‘em up com progressão horizontal, mas ao invés de controlarmos um avião ou uma espaçonave, nele assumiremos o papel de um anjo chamado Wor. Caberá a ele a dura tarefa de enfrentar e destruir a legião de monstros comandada por um ser conhecido como The Destroyer.

Para isso o protagonista contará com os recursos comuns em jogos do gênero, como power-ups (são oito no total) que surgirão após derrotarmos alguns inimigos ou magias (seis de ataque e duas de defesa) que poderão lhe salvar de situações bastante complicadas.

Infelizmente as pessoas responsáveis por esta versão não se deram ao trabalho de implementar um tutorial ou mesmo uma arte que explicasse o que significa cada elemento da interface. Assim, o grande problema é que Gynoug nunca nos explica como sua mecânica funciona, com o jogador precisando aprender tudo na base do erro e acerto ou sendo obrigado a recorrer a uma pesquisa na internet.

Também merece ser mencionado a parte técnica do jogo. Enquanto sua trilha sonora se mostra excelente, o mesmo não pode ser dito dos gráficos. Visualmente Gynoug fica devendo a outros títulos do gênero, com Wor e os monstros contando com poucos detalhes e animações.

O destaque aqui vai para os chefes de fases, quase sempre ocupando grande parte da tela e contando com aparências grotescas. Mesmo assim, o um ano e meio de diferença entre ele e o Gleylancer serve para mostrar como este conseguiu tirar muito mais do poderio do Mega Drive.

Isso posto, eu não diria que o Gynoug seja um jogo ruim, mas para ter curtido mais aquilo que ele tem a oferecer, teria sido melhor se a Ratalaika tivesse o liberado antes   daquele que acabou se tornando um dos meus shoot ‘em ups preferidos do antigo console da Sega, o Gleyancer.

É um jogo que vale pela curiosidade ou para os grande fãs dos “jogos de navinha”, nada mais do que isso.

Gynoug está disponível para Xbox One, PlayStation 4, PlayStation 5 e Nintendo Switch.

http://www.vidadegamer.com.br
Pai em tempo integral do pequeno Nicolas, enquanto se divide escrevendo para o Meio Bit Games e Vida de Gamer, tenta encontrar um tempinho para aproveitar algumas das suas paixões, os filmes, os quadrinhos, o futebol e os videogames. Acredita que um dia conseguirá jogar todos os games da sua coleção.