Para mim, jogar (e falar sobre) beat ‘em ups é sempre um prazer. Esse foi um gênero que me acompanhou durante quase toda a infância e que sempre me fascinou. Os famosos jogos de “briga de rua”… E quando uma franquia tão adorada quanto a Tartarugas Ninja se aventura por eles, a expectativa pode alcançar níveis bem altos.

Pois foi assim que muitos estavam olhando para o Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge, novo jogo da Tribute Games e que tinha como principal característica a promessa de ser uma volta ao passado. E acredite, isso ele faz com maestria.

Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder's Revenge

Inspirado no desenho lançado em 1987 e nos jogos que a Konami lançou entre as décadas de 80 e 90, TMNT: Shredder’s Revenge novamente colocará os répteis mutantes para salvar a cidade de Nova York, com vários dos vilões conhecidos da animação participando dos combates. Porém, o fanservice não termina na legião de inimigos que encontraremos pelo caminho.

Por se tratar de um jogo das Tartarugas Ninjas, era de se esperar termos acesso ao quarteto formado por Leonardo, Michelangelo, Donatello e Raphael, porém, a desenvolvedora foi além. Ao iniciar uma campanha no TMNT: Shredder’s Revenge também poderemos escolher jogar como o Mestre Splinter e até com a April O’Neil. O jogo ainda traz o Casey Jones, personagem que só será desbloqueado após terminarmos o modo história.

Com cada herói (ou heroína) contando com estatísticas e golpes específicos, tamanha variedade faz com que o fator replay do jogo seja bem alto. Isso se deve também ao fato de podermos evoluir tais personagens conforme jogamos, com eles se tornando mais poderosos e até ganhando novos golpes.

No entanto, confesso ter sentido falta da possibilidade de alternar entre os personagens quando morremos, algo bastante comum em beat ‘em ups. Isso nos incentivaria a testar outros lutadores e permitiria uma evolução mais homogenia dos personagens.

Shredders Revenge

Mas não pense que será apenas nesse aspecto que o Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge se distancia dos antigos jogos do gênero. Ao contrário do que nos acostumamos a ver nos brawlers daquela época, principalmente nos lançados para fliperamas, aqui o nível de dificuldade não foi pensado em pegar cada moeda que temos no bolso.

Isso fica claro ao sermos derrotados pela primeira vez, já que se estivermos jogando na companhia de um amigo, ele terá alguns segundos para tentar nos salvar. Se obtiver êxito, isso nos polpará uma vida e nos colocará de volta ao campo de batalha com um pouco de energia. O jogo também nos permite conceder um pouco de energia a quem estiver perto de morrer, tudo para facilitar um pouco a missão dos brigões.

Mesmo a utilização de especiais não reduzirá a nossa energia, com esses golpes podendo ser executados após enchermos uma barra conforme realizamos combos. E sabe o maior temor de quem joga beat ‘em ups, que é ficar cercado? Sem problema, pois aqui você poderá simplesmente rolar para o lado usando o botão de esquiva.

Tudo isso pode dar a entender que o TMNT: Shredder’s Revenge é um jogo fácil e se comparado com os clássicos, não há como negar. Apesar de uma ou outra situação um pouco mais complicada, leia-se certos chefes, não posso dizer que tenha sofrido muito para chegar ao seu final. É importante salientar que encarei o jogo na dificuldade normal, sempre na companhia do meu filho. Logo, se você for jogar sozinho e no modo mais difícil, certamente terá mais problemas.

Outra maneira de ser desafiado é no modo Arcade. Nele teremos que passar por todas as fases contando apenas com um número limitado de vidas e continues. Funcionando como se estivéssemos num fliperama, aqui não teremos checkpoints, muito menos a possibilidade de salvar o progresso, sendo uma boa forma de testarmos nossas habilidades.

Shredders Revenge

E ainda falando no fator replay, merece destaque termos 16 estágios à nossa disposição, com o jogo nos levando do zoológico de Nova York até o Museu de História Natural, passando pelos esgotos e ruas da cidade, mas não se limitando a ela. De fato, não lembro de ter jogado outro título do gênero que durasse tanto, numa demonstração de que o pessoal da Tribute Games estava dedicado a criar o jogo definitivo das Tartarugas.

Some a isso os muitos itens escondidos pelas fases, assim como os mais variados desafios a serem concluídos — como passar a fase ser sofre danos ou derrotar X inimigos usando armadilhas — e o incentivo a jogar novamente se fará presente por muito tempo. No entanto, nada consegue superar aquilo que considero o ponto principal de um jogo como esse, que é o multiplayer. O detalhe é que até seis pessoas poderão jogar ao mesmo tempo e embora eu não tenha conseguido experimentar o Shredder’s Revenge desta maneira, imagino o divertido caos que ele deve se tornar.

Por fim, não há como não mencionar (e não elogiar) o fantástico trabalho realizado pela equipe de arte da desenvolvedora. Além dos dubladores originais terem participado da criação e da excelente trilha sonora (que inclui algumas músicas cantadas), a parte visual do Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge é um belo presente para quem admira pixel art.

Do altíssimo nível de detalhes até a variedade, os cenários são muito bonitos, remetendo diretamente tanto ao desenho, quanto aos jogos que conquistaram muitos admiradores nos arcades e consoles. Os personagens também ficaram muito legais, com até os mais simples inimigos contando com muitos pixels e a animação fluindo naturalmente.

TMNT: Shredder’s Revenge é um jogo ideal para reunirmos um grupo de amigos e lembrarmos uma época em que os beat ‘em ups estavam entre os jogos mais adorados, sendo também uma bela demonstração de como agradar os fãs.

Ao aproveitar as melhores partes das antigas aventuras das Tartarugas e trazendo alguns elementos novos à jogabilidade, o título da Tribute Games serve ainda como um ótimo exemplo de como os jogos de briga de rua ainda podem ser muito divertidos. Talvez ele motive algumas franquias que andam esquecidas a retornarem, mas mesmo que isso não aconteça, já merece todos os méritos por ter conseguido me fazer voltar a sentir como se tivesse dez anos.

http://www.vidadegamer.com.br
Pai em tempo integral do pequeno Nicolas, enquanto se divide escrevendo para o Meio Bit Games e Vida de Gamer, tenta encontrar um tempinho para aproveitar algumas das suas paixões, os filmes, os quadrinhos, o futebol e os videogames. Acredita que um dia conseguirá jogar todos os games da sua coleção.