Na era das remasterizações, remakes e relançamentos, tem sido muito bom podermos revisitar alguns clássicos que fizeram a nossa alegria no passado. Por isso eu estava curioso para jogar o Pocky & Rocky Reshrined, um título que prometia resgatar uma franquia que há duas décadas andava esquecida, mas que com esse novo capítulo mostra o quanto era divertida.

Com a distribuição da versão física ficando a cargo da ININ Games, o desenvolvido foi feito pelo Tengo Project, mesmo estúdio que nos deu o Wild Guns Reloaded e o The Ninja Saviors: Return of the Warriors, a produção do Pocky & Rocky Reshrined contou com a participação de diversos profissionais que trabalharam na criação do original, lançado para o Super Nintendo em 1992.

Esse é um detalhe importante, pois serve para explicar tanto a principal qualidade do novo jogo, quanto aqueles que podem ser considerados os seus maiores defeitos. Mas vamos começar pelos pontos positivos.

O primeiro deles é que muito da atmosfera do primeiro jogo foi mantida, com a mitologia japonesa, os gráficos em pixel art e os comandos remetendo diretamente àquele fantástico jogo. Porém, a desenvolvedora tratou de trazer algumas modernidades, especialmente à parte visual, com o Pocky & Rocky Reshrined funcionando em WideScreen e o nível de detalhes sendo bastante superior a o que teríamos num SNES.

Isso faz com que o jogo seja mais um a engrossar a lista de títulos com belas imagens pixeladas, com os cenários transbordando vida e a animação sendo muito bonita. Porém, para quem está cansado do estilo, esse pode ser considerado um problema. Eu prefiro deixar aflorar a minha nostalgia.

Já em relação ao sistema de controles, admito que hoje ele não me agrada tanto quanto antigamente. Com uma jogabilidade parecida com a do Commando, da Capcom, a série Pocky & Rocky (ou Kiki Kaikai) sempre funcionou como um scrolling shooter com visão aérea, onde a tela não se move sozinha como em um jogo de nave e podemos mover o nosso personagem em 8 direções.

Pocky & Rocky Reshrined

Fazer uma mudança grande nesse aspecto certamente desagradaria muitos fãs, mas se há 20 anos esse sistema podia funcionar, acredito que hoje seria muito mais agradável se o jogo explorasse o método twin stick shooter. Dessa forma a jogabilidade ficaria muito mais precisa, nos permitindo andar para uma direção e mirar/atirar em outra.

Contudo, ao fazer isso o pessoal da Tengo Project poderia deixar a aventura muito fácil e aí perderíamos outra característica dos Pocky & Rocky, que é a sua dificuldade. Ao contrário de muitos títulos lançados atualmente, Reshrined testará nossas habilidades a todo momento e não se assuste se você tiver que refazer os estágios várias e várias vezes, algo comum nas décadas de 80 e 90.

Dica Valiosa:


Até nos habituarmos a jogabilidade de Pocky & Rocky Reshrined, mesmo o primeiro estágio se mostrará bastante desafiador. Por isso, aprenda quanto antes a usar o seu cajado para derrotar os inimigos a curta distância e rebater os disparos feitos por eles.

Outro problema que precisa ser mencionado é a falta de acesso imediato ao multiplayer cooperativo. Mesmo com o jogo transbordando o clima de algo para ser jogado na companhia de um amigo, isso só será possível após concluirmos a campanha principal ou juntarmos 10 mil moedas, para assim finalmente termos acesso a um modo livre. Apesar da justificava para isso estar em manter o enredo coeso, essa é uma decisão de design que considero um tanto estúpida, uma barreira desnecessária.

Outra escolha feita por parte dos desenvolvedores e que me fez questionar se foi uma boa ideia foi não disponibilizar a dificuldade mais fácil desde o início. Caso o jogador esteja sofrendo para avançar, ele só poderá diminuir a dificuldade após pegar três mil moedas. Ou seja, o melhor não seria deixar essa barreira para o modo mais difícil?

Já em relação à história, ela novamente abordará a aventura de uma sacerdotisa xintoísta chamada Pocky e seu companheiro tanuki (também conhecido como cão-guaxinim japonês), Rocky. Caberá a dupla (com a ajuda de outros personagens, alguns inéditos) a dura missão de livrar o Japão de uma invasão de monstros, o que nos levará para os mais variados lugares.

Assim como nos capítulos anteriores, o enredo do Pocky & Rocky Reshrined não passa de uma desculpa para continuarmos lutando, com a história sendo pouco ou nada interessante. Eu nem considero esse um grande problema, pois desde o início sabia que o que me manteria preso ao jogo seria a sua jogabilidade e desafio.

Com tudo isso posto, pode parecer que esse retorno da série não foi bem-sucedido, mas isso não é verdade. Reshrined é um jogo muito bonito, desafiador e divertido, e mesmo estando longe de ser perfeito, a maneira como ele utiliza o folclore japonês para ambientar um jogo de tiro continua se mostrando um ótimo casamento.

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Pai em tempo integral do pequeno Nicolas, enquanto se divide escrevendo para o Meio Bit Games e Vida de Gamer, tenta encontrar um tempinho para aproveitar algumas das suas paixões, os filmes, os quadrinhos, o futebol e os videogames. Acredita que um dia conseguirá jogar todos os games da sua coleção.