Na minha humilde opinião, shoot’em ups são, talvez, alguns dos gêneros de jogos que mais resistem bem ao teste do tempo. Seja um jogo antigo de décadas atrás, seja uma renovação de um clássico, seja um novo título com novas ideias de gameplay, os consagrados jogos de navinha sempre conseguem agradar quem curte videogame, entregando uma boa dose de desafio e diversão para quem, de vez em quando, quer escapar um pouco de títulos de jogabilidade e narrativa mais rebuscadas.

De vez em quando esse é o meu caso: às vezes eu fico meio saturado de jogar o jogo AAA do momento e tudo que eu quero é curtir uma aventura mais simples e descompromissada. E nessas horas os jogos de navinha me divertem bastante!

Astro Aqua Kitty

Outra coisa que eu curto pra caramba é quando os jogos resolvem misturar dois ou mais gêneros diferentes. Mas eu não tô falando da atual prática da indústria de enfiar níveis e pontos de experiência em tudo (a ponto de fazer a expressão “elementos de RPG” perder o sentido e praticamente cair em desuso no vocabulário gamer). Me refiro, na verdade, a quando os game designers pegam e integram mecânicas bem diferentes, que às vezes não combinam em nada à primeira vista, mas resultam em combinações fascinantes! Chroma Squad (que une graciosamente RPG tático e simulador de gestão) é um ótimo exemplo que me deixou maravilhado quando eu o joguei.

É por causa de todas essas coisas que eu estou curtindo pra caramba jogar Astro Aqua Kitty. Desenvolvido pelo estúdio independente Tikipod, a aventura dos intrépidos gatinhos exploradores do espaço me cativou de jeito!

Em busca de minérios… e de lanchinhos também

Neste carismático jogo de navinha (ou será que devo dizer… jogo de submarininho?), um corajoso grupo de animais explora o espaço em busca de minérios valiosos. O objetivo é explorar o interior de asteroides cheios de água e enfrentar piratas coelhos e monstros marinhos, aprimorando seu veículo com armas e equipamentos cada vez melhores ao longo do caminho.

Astro Aqua Kitty traz apenas dois modos de jogo, mas apesar da pouca quantidade de opções, ambas oferecem uma excelente gama de desafios, cada um à sua maneira.

O modo Arcade oferece um shoot’em up tradicional com progressão linear ao melhor estilo de clássicos como R-Type, Gradius e outros. Além da progressão por fases e das batalhas contra chefes, esse modo oferece alguns desafios extras como resgatar gatinhos perdidos espalhados nos cantinhos mais inacessíveis do mapa, por exemplo.

Mas é no modo Story que esse jogo realmente brilha: esse modo é uma sucessão de missões ao longo de 8 vastos mapas, nos quais você viajará com seu submarino para coletar e entregar itens, consertar estruturas, caçar monstros, transportar passageiros, construir dispositivos importantes para seus companheiros, entre diversas missões possíveis, enquanto tenta se livrar dos vilões da história: os piratas coelhos espaciais, que entram em cena para roubar os valiosos minérios que os gatinhos tanto desejam.

No final de cada mapa do modo Story, um chefão estará pronto para te enfrentar. E se quiser ainda mais desafio, além de regular a dificuldade você pode sempre ligar a opção de Permadeath antes de começar sua aventura, para dar ao jogo um gostinho de roguelike/roguelite.

Aprendendo a pilotar

Os personagens a serem escolhidos são 8 no total, sendo 4 pilotos e 4 engenheiros. Cada personagem possui seu próprio conjunto de atributos (Velocidade, Saúde, Reparo, Armadura, Bateria e Recarga) e de habilidades especiais e a sua escolha determina a combinação desses atributos e as habilidades ativas e passivas que você poderá desbloquear e usar conforme sobe de nível. As habilidades são bastante variadas e podem ser usadas de forma passiva (como regeneração de saúde automática, por exemplo), ou de forma ativa, pressionando o botão Quadrado ou Triângulo (como, por exemplo, a Sentry Gun, que libera um pequeno drone que atira em qualquer inimigo que se aproxime: de longe a minha habilidade favorita!).

A jogabilidade combina mecânicas de shoot’em up clássicas com algumas novidades interessantes: é possível equipar duas armas diferentes (usadas pressionando-se X ou Círculo), além de duas habilidades ativas (usadas pressionando-se Triângulo ou Quadrado) ou duas habilidades passivas (cujo efeito é ativado automaticamente quando equipadas) ou uma habilidade de cada tipo.

Uma coisa que eu gostei bastante — e que eu nunca tinha visto em outros games de navinha que eu já joguei — é que é possível virar a nave para atirar tanto para a esquerda quanto para direita, pressionando-se L1. Isso pode ser feito tanto no modo Arcade quanto no modo Story e dada a liberdade de movimento oferecida por Astro Aqua Kitty com inimigos te perseguindo por todos os lados, esse recurso será extremamente útil durante a jogatina!

Altos e baixos entre versões

O visual geral do jogo é bem simples e esbanja carisma, com ilustrações 2D dos personagens coloridos e chamativos. Os cenários e sprites do jogo são muito bonitos e é sempre bacana ver aquele montão de tiros coloridos voando e reluzindo pela tela, como é de costume em todo bom shoot’em up.

A interface de usuário é bastante básica, com menus elaborados de forma simples e direta, que mostram toda a informação necessária em cada tela. Isso me deixou um pouco confuso de início, especialmente na tela de escolha de armas e habilidades, que mostra muita informação condensada em suas telas de uma vez só… mas não é nada muito grave e eu consegui me acostumar com isso rapidamente.

Astro Aqua Kitty - PS Vita

Astro Aqua Kitty rodando no PS Vita

Porém, dependendo da plataforma onde você estiver jogando, a experiência pode não ser 100% satisfatória: eu testei Astro Aqua Kitty tanto no PlayStation 4 quanto no PlayStation Vita e os poucos problemas de interface que eu notei no console desktop se acentuaram bastante no console portátil: não houve uma adaptação nas dimensões das telas, menus, sprites e outros elementos gráficos para a resolução de 960×544 pixels do PS Vita, o que faz com que tudo fique pequeno demais na tela. Para piorar, o minimapa só tem dois tamanhos possíveis no PS Vita, ao contrário dos três tamanhos disponíveis na versão desse jogo para consoles.

Tirando esses detalhes, todas as versões do jogo são idênticas. Porém, a versão para PlayStation 5 traz alguns recursos e detalhes visuais extras: os sprites de vegetação dos mapas foram retrabalhados e ganharam mais detalhamento; a nave/submarino controlada pelo jogador muda de visual dependendo do piloto e engenheiro escolhidos; um filtro CRT foi adicionado ao jogo para dar um ar retrô ao visual; entre outras coisinhas.

Segue abaixo a lista completa de extras da versão para PS5 de Astro Aqua Kitty:

  • As faixas da trilha sonora agora possuem novas variações, com transições suaves que mudam conforme o jogador vai explorando áreas diferentes dos mapas;
  • Vibração especial adaptada para o controle DualSense, o que aumenta a sensação de realismo. Este recurso é opcional e pode ser ativado ou desativado livremente;
  • Novos estilos visuais para a nave/submarino, cujo visual combina com a sua escolha de piloto e engenheiro;
  • Camadas adicionais de vegetação grande e pequena foram adicionadas aos cenários;
  • Filtro opcional que adiciona efeito de CRT (linhas de varredura), para dar ilusão de se estar vendo o jogo por uma antiga TV de tubo;
  • Detalhes visuais e efeitos de iluminação adicionados de forma geral.

Uma excelente e divertida aventura aqua-espacial

Astro Aqua Kitty

Astro Aqua Kitty foi uma bela experiência para mim. Com bastante capricho, o estúdio Tikipod nos entregou um título que com simplicidade, elegância e carisma, combina o melhor de vários gêneros de jogos para proporcionar uma experiência tão desafiadora quanto agradável de ver, ouvir e jogar.

Além dos consoles PlayStation, Astro Aqua Kitty também está disponível para Xbox Series S|X, Xbox One, Nintendo Switch e PC.