O futuro parece brilhante para quem gosta de filmes de super heróis, especialmente para quem gosta de Marvel.
No primeiro artigo desse especial, falei sobre o que os últimos filmes da Fase 2 da Marvel no cinema nos reservam. Sem mais delongas, já que temos 9 filmes para cobrir, vamos a segunda parte deste especial. Desta vez, falarei sobre a Fase 3, ou seja, os planos do estúdio até 2019. Com ainda menos informações divulgadas sobres os filmes que o artigo anterior, vale lembrar que boa parte disso tudo é especulação.
– Captain America: Civil War – 6 de Maio de 2016
Durante o evento em que divulgou o calendário de lançamentos, a Marvel deixou por alguns minutos os fãs (eu incluso) levemente desapontados nos levando a crer que todos os rumores que o arco Guerra Civil seria adaptado nos cinemas eram falsos, ao anunciar o terceiro filme do Capitão América com o subtítulo de “Serpent Society” (um grupo de vilões que de fato habitam os quadrinhos do Capitão). Isso foi afinal, além de um piada, uma boa jogada para deixar esse grande anúncio para o final do evento.
Guerra Civil é um arco de histórias pelo qual mantenho um carinho muito grande. Apesar disso, não me incomoda saber que a história no filme será bem diferente. Nos quadrinhos, durante a gravação de um reality show com um grupo de jovens super heróis, um terrível acidente acontece e causa a morte de vários inocentes. Esse fato traumático junto a paranoia criada pelos resultados catastróficos de eventos anteriores envolvendo os super heróis faz com que seja aprovada uma lei que obriga todos os super heróis a se cadastrarem em um registro nacional como “armas vivas de destruição em massa”. Esse registro os obriga a revelarem suas identidades ao governo, além de se tornarem subordinados a ele, que lhes ofereceria treinamento e orientações. Isso leva a um grande confronto entre os heróis, divididos praticamente ao meio, sendo o Capitão América a figura central dos que se opõe ao registro, e o Homem de Ferro a dos que são a favor dele.
No filme, podemos esperar que esse polaridade seja mantida, mas que o conflito seja menor. A Guerra Civil foi um história que envolveu todo o Universo Marvel, dando papéis importantes a personagens que não tem os direitos na mão da Marvel (como o Homem-Aranha) ou não foram propriamente apresentados como parte do Universo (como o Justiceiro). Enquanto o foco da discussão nos quadrinhos foram as identidades secretas, no cinema o foco será, segundo o produtor Kevin Feige, na questão da subordinação, ou seja, a quem os heróis respondem. A Guerra Civil é um arco com final trágico, e devido as dificuldades nas negociações para que Robert Downey Jr. (Homem de Ferro) retornasse, criou-se o boato de que talvez o filme traga uma forma do ator sair do Universo Marvel, seja pela morte de seu personagem ou por um afastamento. Apesar de um fim digno para a passagem de Downey Jr. pela Marvel, acredito que ainda tentem o segurar no papel por mais algum tempo.
Os diretores Anthony e Joe Russo, que se provaram excelentes na condução da ação do primeiro, retornam Fica a recomendação de leitura da Guerra Civil, que foi lançada em encadernado tanto pela Panini quanto na coleção Salvat. É um arco bem acessível, pois não necessitando de outras leituras complementares.
– Doctor Strange – 4 de Novembro de 2016
Confesso que não conheço muito das histórias próprias de Stephen Strange, o Doutor Estranho, e sempre o acompanhei em aparições nas revistas de outros personagens. Stephen é o Mago Supremo no Universo Marvel, entidade responsável por ser a proteção primária do planeta contra ameaças mágicas.
Existem vários aspectos sobre esse filme que me animam. Primeiramente, a vinda de Stephen Strange para o cinema pode diversificar muito a dinâmica já meio engessada dos filmes de herói. Falo isso pois como os poderes do personagem são mágicos e possuem as mais variadas formas, suas atitudes tendem a ser muito mais pensadas do que feitas na base do confronto direto, solução geralmente adotada pelos heróis mostrados até agora. Outra é a abertura para a construção de um universo sobrenatural dentro dos filmes da Marvel, fato que pode ou não estar ligado a presença da Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen) em Avengers:Age of Ultron, já que os poderes da personagem (também baseados em magia) já causaram impactos que fizeram necessária a intervenção de Doctor Strange. Independente disso, a Marvel chamou um diretor com experiência em filmes de terror, Scott Derrickson (O Exorcismo de Emily Rose, A Entidade), o que já garante ao menos uma abordagem mais atmosférica e obscura para o filme.
Doctor Strange e Ant-Man são, aparentemente, tentativas da Marvel de diversificar a abordagem de seres super poderosos em seus filmes. Tenho muito esperança de que os filmes deem certo e abram ainda mais oportunidade para experimentação com o conceito de super seres.
Stephen Strange, o Doutor Estranho.
– Guardians of The Galaxy 2 – 5 de Maio de 2017
Uma sequência inevitável e muito bem vinda já que, além de excelente, o primeiro Guardiões da Galáxia rendeu uma boa bilheteria. O filme já havia sido anunciado antes da San Diego Comic Con, a única mudança foi na data, adiantada de Agosto para Maio. Ainda temos poucas informações sobre o filme, mas James Gunn retornará dirigindo e escrevendo, e também devemos ver novamente todo elenco, que possui contrato para vários filmes (em entrevista para o ScreenRant, Chris Pratt, que interpreta Star-Lord, brincou comentando que é algo em torno de 7 ou 8 mil).
Sabemos que a busca de Star-Lord por seu pai provavelmente será um dos principais elementos do próximo filme, e segundo James Gunn ele será diferente dos quadrinhos. Bom, isso ao menos garante a surpresa. O roteirista e diretor ainda demonstrou grande interesse pelo personagem de Drax (Dave Bautista), e também em expandir o time com mais membros. Essa última afirmação, unida a cena pós-créditos de Thor: The Dark World mostra brevemente um grande casulo na sala do Colecionador (Benicio Del Toro), que depois apareceu no primeiro Guardians of The Galaxy, leva a crer que talvez seja Adam Warlock, um importante personagem da parte cósmica do Universo Marvel, a nova aquisição do time.
Nos quadrinhos, Warlock é um ser criado por cientistas conhecidos como A Enclave para ser um humano perfeito, se libertando posteriormente deles e tem papel importante em sagas relacionados a Thanos e as Joias do Infinito, prováveis elementos centrais do vindouro Avengers: Infinite War. Além disso, uma de suas últimas grandes aparições foi se unindo aos próprios Guardiões da Galáxia na série publicada entre 2008 e 2010. Essa série seria uma boa indicação de leitura, se não estivesse ligada diretamente a um mega evento cósmico chamado Aniquilação, o que torna necessário ler todo o material da saga (que é bem extensa) para ter uma boa compreensão. A mais recente série dos Guardiões talvez seja uma leitura mais interessante, em inglês é possível achar a versão digital na Comixology ou pelo site da Marvel, aqui no Brasil ela sai na revista Universo Marvel.
Assim como comentei em Avengers: Age of Ultron, com todo o time retornando, o potencial de Guardians of The Galaxy 2 é muito grande.
– Thor: Ragnarok – 28 de Julho de 2017
Outro filme com poucas informações até o momento, sabemos que os atores principais irão voltar, mas que provavelmente o diretor Alan Taylor, que dirigiu Thor: The Dark World, não retornará, Além de ter demonstrado certo cansaço após as filmagens, ele no momento se encontra ocupado com (sic) o reboot de Exterminador do Futuro.
Se as especulações que circularam a internet acerca do cetro usado por Loki ser de fato uma Joia do Infinito forem reais, esse poderá ser o elemento de roteiro que o ligará com o futuro Avengers: Infinite War (como já aconteceu em Thor: The Dark World). Já quanto ao Ragnarok, acredito que há duas possibilidades de interpretação, que são ao mesmo tempo duas indicações de leitura para o filme.
A primeira é que o filme seja mais próximo da fase clássica do quadrinhos com a arte e roteiro de Walt Simonson (publicada aqui pela Panini na coleção Os Maiores Clássicos do Poderoso Thor, um pouco difícil de achar). Seriam portanto conflitos causados por Loki que levariam Thor a enfrentar Jormungand, a serpente de Midgard, tal qual é o Ragnarok na mitologia nórdica, mas ao final conseguir sobreviver (ao contrário da mitologia).
A segunda seria baseada numa versão mais recente do Ragnarok, que apesar de ser independente, integra um evento ocorrido em 2005 chamado Vingadores Disassembled (Vingadores: A Queda, no Brasil) e saiu entre as edições 22 e 25 da revista Os Poderosos Vingadores. Como esse material é bem difícil de encontrar atualmente, recomendo a edição digital disponível no site da Marvel. Nessa versão, o Ragnarok é também desencadeado por Loki, porém Thor descobre entidades superiores que controlariam o ciclo de morte e ressurreição dos deuses nórdicos por meio do Ragnarok e vai confrontá-los. Ao final desse arco, Thor entra em estado de hibernação e seu paradeiro se torna desconhecido, um artifício que foi usado pelos editores para afastá-lo do conflito da Guerra Civil, o que não ocorrerá no cinema, já que a Guerra Civil aparentemente virá antes. Seria um bom artifício para uma troca de atores, porém ao que tudo indica o contrato de Chris Hemsworth se estende além do terceiro Thor.
Com um material base muito forte e retorno de Christopher Yost (que é também escritor de quadrinhos) no roteiro, junto a Craig Kyle (responsável por boa parte das animações mais recentes da Marvel), basta um bom diretor e com certeza Thor: Ragnarok será, ao menos, o melhor filme de Thor até o momento.
– Black Panther – 3 de Novembro de 2017
A Marvel anunciou o filme nos trazendo apenas a informação de que o ator Chadwick Boseman (do elogiado 42 e também intérprete de James Brown na cinebiografia a estrear por aqui ano que vem) e uma bela arte conceitual. Nos quadrinhos, “Pantera Negra” é o título dado ao chefe de estado de Wakanda, nação altamente avançada localizada na África e principal fonte de Vibranium (metal do qual é feito o escudo do Capitão América). Os Panteras Negras adquirem poderes hereditariamente, por meio de um ritual secreto em que ingerem a “erva coração”. O Pantera Negra que acompanhamos nos quadrinhos é T’Challa. O fato de T’Challa nos quadrinhos ser um rei trás uma interessante dinâmica política, que pode ser muito bem empregada no filme. Acredito que a história a ser contada será muito pautada na origem do personagem, que após a morte do pai tem que trilhar seu caminho para poder se tornar um Pantera Negra.
As histórias de origem de personagens tendem a ser recontadas durante os anos, e no cinema a Marvel tem preferido trabalhar com as mais recentes (um exemplo foi Extremis, arco de Homem de Ferro que deu o tom para o primeiro filme e foi reaproveitado depois também no terceiro). Sendo assim, uma leitura boa para saber o que se esperar do filme é o arco “Who Is The Black Panther?“, escrito pelo cineasta Reginald Hudlin. Publicada no Brasil junto a revista do Demolidor, a forma mais fácil de se conseguir é, novamente, o site da Marvel.
[alert variation=”alert-warning”]Uma observação: para aqueles que estão afim de jogar dinheiro na tela atrás de quadrinhos, uma informação. Várias vezes durante ao artigo eu citei “o site da Marvel’ como fonte para a compra dos quadrinhos em formato digital. Gostaria de informar que há duas formas de ler os quadrinhos por lá: comprando separadamente cada edição ou assinando o serviço Unlimited, que dá acesso ao acervo de quadrinhos digitais por meio de uma assinatura. Escolha o de sua preferência e seja feliz.[/alert]
