Clássico dos milhões

Eu nunca gostei muito de fazer comparações entre séries diferentes de videogames, mas quando se trata de Pro Evolution Soccer e FIFA, torna-se praticamente impossível jogar uma e não lembrar da outra.

Durante quase toda a sétima geração de consoles eu me rendi ao simulador de futebol da EA Sports, mas depois de começar a achar que o estúdio acabou caindo na mesmice, praticamente não trazendo melhorias significativas em cada edição, nesta temporada eu decidi dar uma chance à criação da Konami e gostaria de falar um pouco sobre o que tenho achado desta mudança.

Conteúdo limitado, mas com liberdade

A primeira coisa que chama a atenção para quem volta à franquia após um bom tempo é a limitada oferta de times. Incomoda perceber que além de possuir uma quantidade pequena de ligas, muitos dos times presentes no Pro Evolution Soccer 2016 não estão com seus nomes e uniformes reais, sem falar nos elencos, que ou estão bastante desatualizados, ou contam apenas com atletas com nomes e aparência muito distante da realidade.

No entanto, um recurso muito legal que a série felizmente tem mantido é o editor, onde podemos alterar muitos aspectos do jogo, desde o nome das ligas até os uniformes utilizados pela equipe. É verdade que o jogador precisará ter muita paciência para editar um grande número de times, mas para nossa sorte existem pessoas que disponibilizam arquivos com boa parte dos ajustes já prontos.

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Além disso, o editor também nos permite criar o time que quisermos para disputar a Master League, algo que pode nos possibilitar reproduzir no jogo aquele time que jogamos pelada com amigos e assim chegarmos ao topo do mundo.

Do Brasileirão ao Mundial Interclubes

Por falar em chegar ao topo do mundo, o PES 2016 também merece elogios por contar com as licenças oficiais da Champion League e da Copa Libertadores, mas há ainda outro detalhe que deverá agradar os brasileiros.

Ao contrário do que vemos no seu principal concorrente, o jogo da Konami também possui todos os times brasileiros da primeira divisão, além de outros quatro que este ano estão jogando a Série B (Bahia, Botafogo, Criciúma e Vitoria). Isso é muito legal, pois ao comandarmos o clube que torcemos evidentemente criamos um laço muito maior com o time, apesar de boa parte deles não estarem com suas escalações corretas, como dito anteriormente.

Diversão 7 x 1 Realismo

Falar sobre a jogabilidade do PES 2016 é algo que considero bastante complicado, já que o meu sentimento em relação a ela é um tanto contraditório. Por um lado posso dizer que adorei a maneira como a partida flui, com diversas jogadas muito bonita acontecendo com certa frequência e diversos golaços sendo marcados a todo momento, mas talvez esteja justamente aí o ponto fraco do jogo.

O problema é que as disputas continuam fantasiosas demais, sem passar aquela sensação de estarmos assistindo uma partida de futebol de verdade, algo que na minha opinião a série FIFA tem feito com maestria há alguns anos, mas isso não necessariamente significa algo ruim.

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Digo isso porque reunirmos amigos para disputar alguns jogos no futebol da Konami pode ser bem mais divertido do que as pelejas burocráticas oferecidas pela EA, onde não é raro vermos magros 0x0 ou 1×1 e onde os jogadores menos experientes podem sofrer bastante nas mãos dos veteranos, barreira de entrada que é consideravelmente mais baixa no Pro Evolution Soccer 2016.

Desde o sistema de marcação bem mais simples do que o encontrado no concorrente, onde o menor deslize pode resultar em gols, até os passes e chutes que no PES parecem automatizados, exigindo pouca precisão por parte dos jogadores e passando a sensação de que que o game está quase sempre nos ajudando. Exceto quando se trata dos goleiros.

O falso camisa um

Nos últimos anos temos visto no futebol a disseminação da ideia de falsos noves, jogadores que não são centroavantes, mas que atuam como tal, dando mais movimentação ao ataque de seus times. Pois quando se trata do PES 2016, podemos dizer que o jogo está repleto de falsos camisas um.

É impressionante a incompetência dos goleiros do game, o que faz com que praticamente todo chute seja convertido, especialmente se forem aqueles cruzados. Mesmo quando temos pela frente um goleiro renomado, como o Neuer ou Buffon, é muito fácil os vencermos e por isso considero este de longe o pior defeito do título.

Além de ser algo extremamente irritante saber que quase sempre teremos placares bastante elásticos, isso contribui muito para diminuir o realismo do jogo, reforçando a ideia defendida por alguns de que a série está muito mais voltada para uma jogabilidade arcade do que para uma simulação e se a Konami precisa mudar urgentemente algo na sua franquia, isso sem dúvida são os goleiros.

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Olho no lance!

Outro ponto que tem me irritado bastante no jogo são as narrações de Silvio Luiz e os comentários de Mauro Betting. Embora o lendário narrador tenha marcado uma geração por suas transmissões na TV, não demora muito para que seus bordões se tornem repetitivos e chatos, principalmente por não serem muitos e por quase toda a descrição do decorrer da partida ser feita apenas baseada neles, o que por incrível que pareça faz com que até a narração do péssimo Tiago Leifert soe mais natural.

Já em relação aos comentários, Betting é o típico caso da pessoa errada no lugar errado. Suas frases são sempre reclamando de tudo e de todos, tentando fazendo piadinhas aqui e ali, mas sempre nos dando mais motivo para sentirmos uma mais vergonha alheia do que para acharmos graça das besteiras que está dizendo.

Para ser sincero, a dupla está me incomodando a tal ponto que estou até pensando em mudar a língua do jogo para inglês, só para não ter mais que ouvi-los, o que me faz pensar que é uma pena a Konami não nos dar uma opção para alterar apenas a narração/comentário.

Numa divisão intermediária

A versão do Pro Evolution Soccer 2016 que estou jogando é a para computadores, o que faz com que ela não seja nem tão bonita quanto a dos consoles da nova geração, nem tão “feia” quanto aquela que temos no PlayStation 3 e no Xbox 360.

Nas últimas semanas tenho visto muita gente reclamando que no PC o jogo está horrível e que é um absurdo a Konami ter subutilizado a plataforma, mas depois de tê-lo visto rodando num PS4, confesso que não vi tanta diferença assim. Sim, as texturas nos computadores estão com uma resolução bem menor, mas não acho que seja uma diferença que justifique tanto ódio e acima de tudo, o que considero mais importante que é a jogabilidade está idêntica a aquela encontrada no que pode ser considerada a melhor versão do jogo.

De qualquer forma, o fato é que no PC o PES 2016 não é tão bonito quanto poderia ser, mas também está longe de parece tão horrível quanto muitos o estão acusando de ser.

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Soa o apito final!

Mas mesmo diante de tantos pequenos problemas, o Pro Evolution Soccer 2016 ainda vale a pena? Acredito que sim. Poder criar nossas equipes e transformá-la na melhor do mundo é um recurso que pesa muito a favor do jogo, sem falar em tudo o que envolve disputar uma Libertadores ou uma Champions League, o que no caso desta última significa até entrarmos em campo ouvindo o belo hino da competição.

Infelizmente a Konami deixou muito a desejar quando se trata de entregar elencos atualizados e de garantir os direitos para reproduzir com fidelidade as equipes, mas a promessa é de que nos próximos dias uma parte desse problema seja solucionado com o lançamento de uma atualização, o que a meu ver está demorando muito para acontecer.

Por fim, acho que a série PES está no caminho certo e que depois de vários anos ela finalmente conseguiu encurtar a distância para o FIFA, que se continuar inovando tão pouco a cada edição corre o sério risco de em breve perder essa disputa — isso se o concorrente passar a contar com um bom goleiro para lhe proteger.

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Pai em tempo integral do pequeno Nicolas, enquanto se divide escrevendo para o Meio Bit Games e Vida de Gamer, tenta encontrar um tempinho para aproveitar algumas das suas paixões, os filmes, os quadrinhos, o futebol e os videogames. Acredita que um dia conseguirá jogar todos os games da sua coleção.