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É sabido que nessas terras, em se plantando tudo nasce, incluindo a paixão por produtos tecnológicos.

No passado vivemos à sombra da Reserva de Mercado que visava incentivar o desenvolvimento de tecnologia brasileira impedindo que produtos importados não essenciais entrassem no nosso país. Nenhuma das novidades chegava aqui por vias oficiais e quem viveu nessa época, deve se lembrar dos Phantom Systems da vida, que eram clones de Nintendo 8 bits e dos Dactar, clones do Atari 2600.

Só para dar um exemplo, tive a oportunidade de conhecer o finado professor Tercio Pacitti, que em uma de suas palestra nos contou a dificuldade que teve em trazer para o Brasil um computador que havia ganho na Universidade de Berkeley. Basicamente, teve que contrabandear uma modelo obsoleto lá nos EUA para o ITA, mas que durante algum tempo era um dos mais modernos do Brasil.

Esse atraso refletiu-se na informática, na indústria automobilística, nos eletrônicos em geral e até naquela geladeira vermelha que meus pais tinham em casa.

Em 1991, a Lei Federal nº 8.248/91 abria novamente o mercado para tecnologias estrangeiras. Mas a lacuna já havia se estabelecido, o atraso era palpável. Não tínhamos qualificado mão de obra, desconhecíamos as etapas para o desenvolvimento de tecnologia, tínhamos juros altos, inflação galopante e ainda contávamos com a carga tributária mais confusa possível.
Algumas empresas nacionais reconhecendo que havia um mercado a ser explorado fizeram parcerias com as estrangeiras. A SEGA chegava a terras tupiniquins a partir da Tectoy e a Nintendo com a parceria entre a Gradiente e a Estrela, a joint-venture Playtronic.

Uau, era uma época dourada para as crianças que gostavam de ver os comerciais: “É Nintendo, ou nada“, “Genesis Does What Nintendon’t“; jogos traduzidos para o português; alguns desenvolvidos aqui (Street Fighter 2 para MasterSystem, Mônica no Castelo do Dragão, etc) e discutíamos na escola sobre os próximos lançamentos que eram anunciados na revista AçãoGames.

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Com seus altos e baixos, nos vemos em 2015

Eu sei que pulei muita coisa da história da tecnologia com esse salto temporal digno de novela das 20h (ou seria 21h, 22h? Sei lá), mas o foco é um pensamento que me ocorre agora. Acho que muita gente se pergunta isso diariamente e se faz as mesmas perguntas a cada vez que uma geração de gadgets surge.

Na geração passada de Videogames precisei decidir entre o PlayStation 3 e o Xbox 360. A grana era curta e não dava pra sustentar dois consoles. Na época, investi no jogo que eu mais gostava: God Of War, que sendo exclusivo da Sony me ajudou a decidir. A escolha se mostrou excelente, e mesmo que tempos depois eu tenha adquirido um Xbox 360, gostei muito dos Uncharted, Killzone, Gran Turismo e outros.

Mas essa relação foi arranhada por um pormenor, meu PS3 entrou em colapso com a temida YLOD (Yellow Light Of Dead). Numa bela manhã, meu videogame não ligou e entrei em contato com a Sony para procurar ajuda. Eu sabia que em 2013, meu videogame adquirido em 2009 já não teria garantia do fabricante, mas eu queria muito poder mandar meu videogame para uma autorizada e ter o conserto do brinquedo, eu esperava poder pagar pelo conserto. A Sony me respondeu “Desculpe senhor, não podemos fazer nada. Sugerimos que o senhor procure um técnico de sua confiança…

[one_half][alert variation=”alert-danger”]What!?!?

A Sony me mandava procurar um técnico não autorizado para consertar meu videogame!?[/alert][/one_half]Argumentei e tentei provar meu ponto, mas a Sony foi irredutível. Mesmo que eu quisesse, nenhuma assistência técnica iria verificar meu videogame. A solução, para não ficar sem meus games, foi aproveitar uma promoção e comprar outro PS3, descartando adequadamente o finado (leia-se, troquei um peso de papel por um N64 com jogos e acessórios).

Para essa geração, nem PS4 e nem o XONE haviam me despertado o interesse, mas fui conquistado mais uma vez pela Nintendo. Ao ver o New Super Mario Bros U rodando numa livraria, a criança dentro de mim sorriu novamente, e eu decidi sair da loja com meu Nintendo sob o braço.

Paguei caro, garantia estendida de 3 anos, afinal não queria correr o mesmo risco que o do PS3.

Mas essa semana, como todo mundo já sabe, a Nintendo não tem mais representação oficial no Brasil. gamepadO artigo do Laguna no Meio Bit, deixa bem claro que voltaremos a depender do mercado cinza.

Eu já vivi isso, em 2009 eu importava meus games. Mas o dólar à época estava na casa dos R$ 1,66 e a fiscalização da Receita não estava tão chata. Minhas últimas 10 compras foram taxadas e isso deve piorar.

Estou agora pensando sobre o que fazer, tenho um backlog de games a resolver, mas quero muito jogar Batman Arkham Knight, que não vai sair para PS3. Penso em comprar um novo videogame ou montar um PC Gamer, nada certo ainda, mas a sensação que tenho é que deveria voltar a jogar damas e dominó.

Jônatas Afonso, deus grego, explorador audacioso, artilheiro da copa do mundo, encanador bigodudo, piloto de karts e aviões, atirador de elite, chefe da Horda, membro da SWAT, assassino silencioso, um pequeno pixel na tela... E um ciclista quando falta luz ou preciso sair do meu mundinho.