Aos poucos temos vistos alguns jogos tentarem se aproximar o máximo possível da arte e uma questão tem sido levantada vez ou outra: O que não pode ser classificado como um videogame? E essa dúvida se faz ainda mais presente quando conhecemos o Dear Esther.

Com a premissa de nos colocar no papel de um homem em uma ilha deserta, o título me chamou a atenção pela promessa de possuir uma narrativa muito melhor elaborada do que a da maioria dos jogos que conhecemos e também por abandonar as convenções da mídia e é neste ponto que a criação da thechineseroom deverá afastar muitas pessoas, mas conquistar outras tantas.

O problema, se é que podemos chamar assim, é que no Dear Esther não podemos pular, correr, atacar ou mesmo temos contadores de saúde ou tempo ou inimigos. Do início ao fim da aventura seremos guiados por uma espécie de trilho onde alguns “gatilhos” dispararão uma narração, onde a história nos é contada, fazendo com que ele se pareça mais com uma viagem em um trem fantasma criado por Edgar Allan Poe do que um game propriamente dito.

Na verdade, embora deva ser considerada uma história de terror, não espere por sustos ou monstros por todos os cantos, embora um ou outro fantasma possa ser visto. A maneira como o enredo nos envolve está mais para os suspenses de Hitchcock, devendo ser saboreado com paciência e uma mente aberta e nisso o mundo elaborado pela desenvolvedora exerce um papel fundamental.

Tendo sido criado em cima da “centenária” Source Engine, é impressionante o trabalho que o estúdio independente realizou e se o Dear Esther não pode ser considerado um primor quando o assunto são as texturas, ao falarmos da direção artística não há como fazermos outra coisa que não seja rasgar elogios, tanto na parte visual quanto na sonora.

Caso não tenha percebido, eu evitei citar o título neste texto como um jogo, porque sinceramente não sei se ele deve ser descrito assim e se costumo dizer que o Okami é uma pintura em movimento, então acho seguro afimar que o Dear Esther é um excelente livro interativo e talvez o mais importante seja a maneira como ele fez sumir a barreira do que pode ou não ser considerado um videogame.

Update: Acabei esquecendo de um detalhe importante. A história do Dear Esther é um tanto confusa e sua compreensão depende bastante de interpretação, portanto, quem não domina a língua inglesa pode ficar sem entender o que está acontecendo por isso, uma boa dica é utilizar esta tradução para português.

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Pai em tempo integral do pequeno Nicolas, enquanto se divide escrevendo para o Meio Bit Games e Vida de Gamer, tenta encontrar um tempinho para aproveitar algumas das suas paixões, os filmes, os quadrinhos, o futebol e os videogames. Acredita que um dia conseguirá jogar todos os games da sua coleção.