O ano era 1998. Enquanto eu fazia o segundo ano do segundo grau aos trancos e barrancos, continuava tentando jogar a maior quantidade possível de games e no meio de uma enxurrada de títulos dispensáveis, dei de cara com um inovador RPG publicado pela Square. Seu nome era Parasite Eve.

eveApós colocar o disco no meu PlayStation, tive a sensação de levar um forte soco na boca do estômago ao assistir aquela que considero uma das aberturas mais fantásticas já criadas para um game, onde vemos uma plateia inteira entrar em “combustão espontânea” durante uma ópera. Ali ficou claro para mim que aquele não era um jogo comum.

Parasite Eve se destacava por contar com gráficos espetaculares, um sistema de batalhas muito bom e uma excelente trilha sonora, mas foram sua história e ambientação que mais me fascinaram.

Nele assumimos o papel de Aya Brea, uma jovem policial de Nova York que escapa do incidente e após confrontar a cantora Melissa Pearce, outra que também não foi atingida, a protagonista descobre que aquilo foi um assassinato em massa realizado pela artista, que se transforma num terrível monstro e foge do lugar.

No jogo, os poderes paranormais de Melissa vem das mitocôndrias, organismos independentes que acabaram passando a parasitar as células dos seres vivos e após receber um transplante de rim, a vilã descobriu como controlá-las, tornando-se extremamente perigosa.

Além de seu enredo bastante adulto adaptado do romance de mesmo nome escrito por Hideaki Sena, Parasite Eve diferenciava-se da maioria dos RPGs por se passar nos dias atuais, permitindo que o jogador visitasse pontos conhecidos de Nova York e tivesse à sua disposição itens como armas de fogo, além de poderes que Aya adquire ao longo da aventura.

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Tal jogo me encantou tanto que lá pelo final daquele ano, quando o professor de biologia dividiu a sala em grupos e pediu que cada um escolhesse uma parte das células para fazer um trabalho que deveria ser apresentado a todos, tive a certeza imediata de que eu e os outros integrantes ficaríamos com as mitocôndrias e durante muito tempo fui conhecido no colégio como o “especialista” sobre o assunto.

Quer dizer, mesmo que o Parasite Eve abordasse as mitocôndrias de forma fictícia, o jogo conseguiu me fazer ter interesse por elas, me levando a pesquisar sobre o tema e me fazendo gostar ainda mais de biologia, no que considero um claro exemplo de como a mídia pode ser uma ótima forma de disseminação (ou pelo menos de incentivo) cultural.

A coluna Relembrando nasceu lá no Meio Bit e a intenção com ela era falar sobre jogos antigos que eu adoro. Agora ela será publicada aqui, com a intenção de dar uma visão mais intimista sobre os games, contando situações pessoais que me fazem lembrar desses clássicos e que por vezes poderá ter a total veracidade dos relatos comprometida pela minha memória.
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Pai em tempo integral do pequeno Nicolas, enquanto se divide escrevendo para o Meio Bit Games e Vida de Gamer, tenta encontrar um tempinho para aproveitar algumas das suas paixões, os filmes, os quadrinhos, o futebol e os videogames. Acredita que um dia conseguirá jogar todos os games da sua coleção.