Vaporum

Por só ter comprado o meu primeiro computador lá no final da década de 90, sempre lamentarei o fato de não ter vivido o auge dos dungeon crawler em primeira pessoa, títulos também conhecidos como blobbers. Séries como Dungeon Master, Wizardry, Might and Magic e Bard’s Tale sempre me pareceram muito legais e se encarar esses clássicos hoje em dia é tarefa para poucos, ao menos temos os indies para resgatar o gênero.

Depois de muitos anos esquecidos pela indústria, esses jogos voltaram a chamar a atenção em 2012 graças ao lançamento do Legend of Grimrock e quando a Fatbot Games anunciou a criação do Vaporum, imediatamente fiquei bastante interessado pela sua proposta de fugir do mundo de fantasia e nos levar para um universo steampunk.

No jogo seremos um sujeito que se encontra em uma enorme torre localizada no meio do oceano, sem ter a menor ideia de como foi parar ali e percebendo rapidamente que muitos perigos estarão entre ele e a explicação para tudo o que está acontecendo.

Ao entrarmos no misterioso lugar, quem teve a oportunidade de jogar o fantástico BioShock provavelmente lembrará de Rapture. Embora a cidade submersa daquele jogo fosse muito mais bonita do que a torre de Vaporum, todo o clima opressor e a atmosfera steampunk ajudam a aproximar os dois universos.

A tensão oferecida pelo jogo sem dúvida é um dos seus maiores destaques, já que explorar os corredores do lugar é algo fascinante e ao mesmo tempo capaz de nos deixar com medo de virar cada esquina. Com armadilhas espalhadas por todos os lados e os robôs que patrulham o lugar contando com boas animações, Vaporum consegue ainda passar aquela ótima sensação de “querermos jogar só mais alguns minutos.”

Valendo-se da tradicional movimentação por quadrados, nele as batalhas acontecerão em tempo real, com os inimigos possuindo virtudes e fraquezas que nos incentivam a tentar estratégias diferentes durante as batalhas. Não chega a ser algo tão complexo quanto o que temos no próprio BioShock, mas em muitos casos será melhor usar a cabeça do que força bruta. Também teremos que colocar o cérebro para funcionar em alguns quebra-cabeças, mas para quem está acostumado com o gênero, isso não chega a ser uma surpresa.

Mas como nem tudo são flores, o grande problema do Vaporum reside nos controles. A versão que estou jogando é para o Xbox One e realizar as ações que o jogo permite usando um gamepad muitas vezes é mais complicado do que deveria. Eu não chegaria a dizer que isso prejudica a experiência, mas leva algum tempo até nos adaptarmos aos comandos e irrita um pouco perceber o quão complicado é realizar algumas coisas, como por exemplo colocar um item sobre um botão no chão.

Com uma boa quantidade de conteúdo, belos gráficos (embora os cenários sejam um tanto repetitivos) e um bom desafio, Vaporum está disponível para PC, PlayStation 4, Xbox One e Nintendo Switch. Ele provavelmente não será o jogo que conquistará quem nunca deu muita atenção aos blobbers. Já para aqueles que curtem o gênero e procuravam algo um pouco diferente — especialmente em relação a atmosfera —, este é um título que sem dúvida merece uma chance.

http://www.vidadegamer.com.br
Pai em tempo integral do pequeno Nicolas, enquanto se divide escrevendo para o Meio Bit Games e Vida de Gamer, tenta encontrar um tempinho para aproveitar algumas das suas paixões, os filmes, os quadrinhos, o futebol e os videogames. Acredita que um dia conseguirá jogar todos os games da sua coleção.