Os RPGs com batalhas por turnos caíram em desuso. Com os jogadores querendo títulos com cada vez mais ação, tem se tornado difícil vermos o lançamento de jogos do gênero com um estilo parecido ao que tínhamos nas décadas de 80 e 90. No entanto, felizmente há algumas exceções, como é o caso do The Legend of Heroes: Trails of Cold Steel III.
Desenvolvido pela Nihon Falcom e lançado recentemente para o PlayStation 4, o jogo dá continuidade a uma série que teve início há 30 anos com o Dragon Slayer: The Legend of Heroes, mas que mesmo assim nunca foi tão popular no ocidente. Servindo como uma continuação direta para os dois capítulos anteriores, sua história se passa um ano e meio após os eventos mostrados no Trails of Cold Steel II, então tê-lo jogado será importante para entendermos tudo o que se passa no novo jogo.
Nele continuaremos acompanhando as aventuras de Rean Schwarzer, que agora ocupa o cargo de professor numa academia militar e onde encontrará vários personagens que cruzaram seu caminho anteriormente. O jogo até conta com uma espécie de enciclopédia onde podemos encontrar informações sobre o mundo em que ele se passa, mas evidentemente não é o mesmo que ter jogado os antecessores.
Com o seu início se passando alguns meses num futuro próximo, logo de cara teremos uma equipe formada por personagens relativamente poderosos e cheios de poderes especiais. Essa foi uma decisão acertada por parte da desenvolvedora, já que serve para apresentar aos jogadores como as batalhas no Trails of Cold Steel III podem ser bastante divertidas.
Mesmo sendo um típico RPG por turnos, os confrontos aqui oferecem um dinamismo que poucas vezes vi em um título com essas característica. Tudo bem, nele não temos aquela barrinha que vai enchendo com o tempo, com os ataques só podendo ser realizados após a ação do personagem que estiver no topo da fila, mas achei muito interessante a maneira como podemos movimentar os heróis pelo cenário e como isso adiciona uma bela camada de estratégia aos combates.
Outro detalhe muito bacana é o sistema conhecido como break gauge. Trata-se de uma barra que vai diminuindo conforme atacamos os inimigos e quando ela acabar, ele perderá o próximo turno. Isso faz com que o jogador queira atacar os adversários o máximo que puder, já que se soubermos calcular corretamente as nossas investidas, poderemos até evitar que um chefão realize um golpe poderoso — e que poderia significar o fim da batalha.
Trails of Cold Steel III também merece elogios pela forma como a equipe soube criar um mundo extremamente detalhado, com cada cidade contando com uma história interessante para ser contada e vários personagens possuindo características e personalidades marcantes.
O seu principal defeito no entanto reside na parte visual. Apesar dos personagens serem bem construídos e parecerem ter saído direto de um anime, os cenários são um tanto simplórios e o jogo mais parece uma remasterização de algo criado para a geração passada. Sim, a direção artística possui seu charme, mas se você procura algo graficamente impressionante, não encontrará aqui.
Outro fator que pode pesar contra para algumas pessoas é o ritmo da campanha. Com a aventura podendo durar por cerca de 80 horas, The Legend of Heroes: Trails of Cold Steel III é um jogo que exigirá bastante dedicação, com as cenas não-interativas e os diálogos podendo durar por vários minutos e mesmo quando estivermos em combate, tudo acontecerá numa pegada mais lenta.
Pessoalmente não vejo isso como um problema, mas numa época em que temos tão pouco tempo para jogar e com os RPGs ocidentais tendo nos acostumado com batalhas mais dinâmicas, acho importante ressaltar que este é um título bem ao estilo old-school. Se isso é uma qualidade ou um defeito, vai depender do gosto de cada um.
