Desde o início, os games sempre se escoraram no conceito de termos que derrotar inimigos e fazer o possível para sobrevivermos. Embora hoje tenhamos jogos que tentam fugir dessa ideia, eles são raros e talvez seja por isso que obras como o Woven nos causem uma certa estranheza.

Ambientado num mundo onde bichos de pelúcia vivem em harmonia, o jogo nos coloca no controle de Stuffy, um elefante feito de lã que terá como companhia algo parecido com um vaga-lume de metal chamado Glitch e que tentará descobrir o sentido para a sua vida. Com o tempo ele encontrará máquinas que lhes permitirão mudar de forma e cores, algo que faz parte importante da mecânica do jogo e que servirá para nos proporcionar algum desafio.

Amplamente focado na história, falar muito sobre ela poderá estragar a surpresa de quem resolver encarar Woven, por isso me limitarei a elogiar a maneira como ela é contada através de um narrador. Casando perfeitamente com o estilo mais lúdico, a narração ajuda a criar a fantástica atmosfera proposta pelo pessoal da Alterego Games, algo raro de se ver e que deixa claro o amor que a equipe colocou no projeto.

Mas a primeira coisa que chamará a atenção das pessoas sem dúvida serão os gráficos de Woven. Com as texturas recriando muito bem a ideia de um mundo feito de tecido, é impossível não lembrarmos da nossa infância enquanto exploramos o mundo do jogo, que mesmo não contando com muitos detalhes, possui uma bela direção artística e uma boa variedade nos cenários.

Woven

Já na parte da jogabilidade há tanto motivos para criticas quanto para elogios. Por um lado, é muito bem ver um título que se propõe a entregar uma mecânica mais simples, onde praticamente teremos apenas que avançar pelo mundo e solucionar um ou outro quebra-cabeça. Isso torna o jogo bem mais acessível, mas ao mesmo tempo pode tornar a progressão um tanto entediante e até passar uma ideia de preguiça por parte da desenvolvedora.

Gostar ou não de um jogo com uma ritmo mais cadenciado acaba sendo uma questão pessoal, mas o que poderá realmente afastar boa parte do público brasileiro interessado pelo Woven é a falta de localização. O ideal seria que até mesmo a sua dublagem estivesse em português, mas uma simples tradução das legendas já ajudaria bastante as pessoas que não compreendem inglês e como a solução de alguns quebra-cabeças será dita pelo narrador, não entender o que ele está dizendo poderá tornar a experiência bem frustrante.

Alguém até poderá dizer que localizar um texto feito basicamente por rimas seria uma tarefa muito difícil, o que não deixa de ser verdade, mas só para ficarmos em um exemplo de algo assim que foi feito de maneira brilhante, podemos citar o espetacular trabalho feito pela Ubisoft no Child of Light.

Portanto, Woven acaba sendo recomendado para quem procura uma experiência mais lenta, sem toda a pirotecnia e ação encontrada na maioria do jogos eletrônicos e para aqueles que conseguem encontrar diversão no que muitos gostam de classificar jocosamente como “walking simulator”.

Sim, aqui há um certo desafio de tempos em tempos, mas o foco estará na história e no belo mundo criado para ele. Mesmo correndo o risco de ser um pouco duro ao afirmar isso, talvez mas o melhor tivesse sido o conceito ter dado origem a uma animação.

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Pai em tempo integral do pequeno Nicolas, enquanto se divide escrevendo para o Meio Bit Games e Vida de Gamer, tenta encontrar um tempinho para aproveitar algumas das suas paixões, os filmes, os quadrinhos, o futebol e os videogames. Acredita que um dia conseguirá jogar todos os games da sua coleção.